31 de março de 2007

Mistérios misteriosos


O misterioso destino de T.
Hugo Franco

Um sexagenário desapareceu há quinze dias do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, depois de uma cirurgia à retina. A família garante que não sofria de perturbações mentais. No Hospital, há a convicção que o paciente abandonou as instalações por livre vontade.
18:07 quarta-feira, 28 MAR 07
Jornal Expresso
J. T., de 69 anos, desapareceu do hospital de São Bernardo em Setúbal, dia 17, no Sábado. O sexagenário tinha sido internado quatro dias antes, para ser operado à retina. A cirurgia correu sem problemas, mas a vista acabou por infectar e o paciente ficou em recuperação da cirurgia oftalmológica. O seu filho, A.T., foi visitá-lo ao hospital, perto do meio-dia de sábado, mas quando chegou ao 3.º andar, onde se encontrava o pai, um dos enfermeiros terá avisado que J. desaparecera quinze minutos antes. "Fiquei em pânico. Procurei-o por todo o hospital, mas não o encontrei", declarou A. ao Expresso. "A administração do Hospital tinha-me garantido que fizera a participação do seu desaparecimento à PSP, mas quando cheguei à esquadra percebi que fui o primeiro a apresentar queixa", acrescenta. Até hoje, não há sinais de J. T.
Não quero acreditar em teorias da conspiração, mas tudo isto é muito estranho, como é que o senhor se eclipsou do dito hospital? Ninguém viu? Não há câmaras de vigilância?Nada?Participará este senhor em alguma experiência da já nova reorganizada e centralizada segurança do Estado, para testar a melhor forma de eliminar, discretamente, os 50.000 excedentários da Administração? Ou, a coisa foi meramente acidental? E então o Hospital de São Bernardo torna-se no melhor hospital público para encaminharmos todos os membros deste venerável executivo, pois, como sofrem de forma generalizada e virulenta de problemas oftalmológicos, não era má ideia que eles nunca mais fossem encontrados! :)

30 de março de 2007

Aviso de mobilização



Passaram pelo meu nome e eu era um número
- menos que a folha seca de um herbário.
Colheram-no com mãos de zelo e gelo;
escreveram-no, sem mágoa, num postal.
Convite a que morresse. .. mas por quê?
Convite a que matasse. .. mas por quem?
Ó vago amanuense, ó apressado
e súbito verdugo, que te ocultas
numa rubrica rápida, ilegível,
que dirás tu do meu e de outros nomes,
que dirás tu de mim e de outros mais,
no Dia do Juízo já tão próximo
- que dirás tu de nós, se nem tremeu,
na rápida rubrica, a tua mão?
Bem sei que a tua mão só executa;
mas para além do ombro a ti pertences.
Bem puderas chorar, ter hesitado. . .
- A mancha de uma lágrima bastara
para dar um sentido a esta morte
a que a tua indiferença nos convoca!



David Mourão Ferreira in Tempestade de Verão (1950-1953)
Obra Poética 1948-1988 , 4.º Edição , Editorial Presença

Silêncio

Não, não vou aqui postar a imagem do referido cartaz. Não, não vou falar de racismo e de xenofobia. Não, não vou tecer qualquer comentário ao inenarrável. Não, não vou falar da nossa história, passada nem recente. Não , não vou escrever sobre o facto de na família de qualquer um de nós existir pelo menos um emigrante. Não, não vou falar daqueles que amo e que nasceram noutros espaços, rodeados por outras fronteiras. Não, não vou gastar nem mais uma linha com energúmenos!

29 de março de 2007

Estado de Alma




Hoje não me apetece "postar", estou cansada.
Há que acumular energias para sobreviver ao tsunami que se aproxima!

27 de março de 2007

Grande Ideia




27 de Março de 2007 - Diário Digital/Lusa
"Zoo chinês usa excremento de pandas para fazer lembranças.
Investigadores chineses descobriram uma nova técnica para reciclar o excremento dos pandas gigantes para o transformar em objectos de papel para vender como lembranças nos jardins zoológicos do país, diz hoje a imprensa estatal. "






Aqui está uma boa área de negócio para o nosso país: põem-se os funcionários da administração a comer bambu, fazem-se "recuerdos" de excrementos dos ditos, vendem-se no ALLGarve e acaba-se com o deficit num instante... e então o país pode voltar ao normal, sem a paranóia do aperta o cinto!
Nobel da Economia e Ambiente, já!:)

26 de março de 2007

Ovelhas Ranhosas

25 de Março de 2007
"Espectadores da RTP elegem ditador Salazar o maior português de sempre."

Só espero que as chamadas tenham sido muito caras, porque tenho que acreditar que só meia dúzia votou .....muitíssimas vezes.
Senão, ou morro de vergonha ou vou ter de emigrar!

23 de março de 2007

Reacções

È fascinante verificar como somos todos tão diferentes face ao colapso anunciado. Uns revoltam-se, gritam, esperneiam, libertam em si o potencial etarra residente; outros negam, “talvez não seja mesmos assim, e as coisas ainda se componham” dizem; outros procuram organizar-se no meio do caos, preparam-se para o pior, limpam a mesa, arrumam papéis e aguardam; outros conspiram, correm a saber novas informações, fazem contactos, tecem cenários, procuram sobreviver; outros, são dos que conspiram mas disfarçam, assobiam para o lado para ver se ninguém repara que estão a postos; outros brincam, riem, ironizam para esconder o medo; e há sempre, como não podia deixar de ser, os da “fuga para a frente”, os que mesmo no vazio dizem “vamos lá continuar a trabalhar”, como se não se tivesse passado nada.

Amigos, lamento mas isto já não existe… vêem aí novos tempos. Previsivelmente adversos, mas novos.

E lá fora é Primavera.

22 de março de 2007

Bem-Vindo Mr. Prace


PRACE - Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado
21 Abril 2006
Resolução de Conselho de Ministros n.º 39/2006Aprova, no âmbito do PRACE, as orientações gerais e especiais para a reestruturação dos ministérios



Hoje o senhor Prace chegou ao meu serviço e não teve de modas, extingui-o.
Assim, sem mais nem menos. Extingui-nos.
Mas o senhor não pode deixar de ter razão, é um super gestor da racionalização.
De facto, como é que a Administração Pública pode perder tempo e dinheiro com um serviço que procurava encontrar respostas de integração para “gentalha” de 2.º categoria: ex-reclusos, toxicodependentes, beneficiários do rendimento social de inserção, pessoas com deficiência, pessoas com doença mental, pessoas de grupos étnicos e culturais minoritários (diga-se, ciganos e afins).

O senhor é que sabe! E sabe que eles não devem ser uns eleitores muito aplicados e portanto não interessam a ninguém, e muito menos a si!

Por outro lado, nós (a corja dos trabalhadores da administração) havemos de ir fazer outra coisa qualquer, onde a nossa experiência, os nossos conhecimentos, formação, interesses, não vão interessar para nada. Mas isso não releva, porque a racionalização trás consigo certamente a melhor solução, a mais económica. O senhor, como super gestor que é, há-de saber aproveitar os recursos humanos que têm. Confio em si para me por a fazer qualquer coisa interessante e desafiante, sabe é que eu tenho um pequeno problema, gosto de pensar.

Mas, senhor Prace, quero que saiba que tem em mim uma aliada, pois acredito que a mudança trás sempre qualquer coisa de bom às organizações, independentemente daqueles que prejudica e atropela – como eu por acaso - (danos colaterais, não é caro senhor?). Espero é que tenha coragem para cumprir a sua missão até ao fim (o que não é muito comum neste país) e anule uns certos “velhos do Restelo” enfeudados na estrutura que a minam desde há anos … e olhe que estão muito perto de si, talvez demasiado perto.

Boa sorte Mr. Prace! Prometo ficar atenta.

21 de março de 2007

Para Eles


S-TYPE. Linhas fluidas e dramáticas. Inspiradas. Excitante de conduzir. A potência extraordinária do S-TYPE R Supercharged de 395 cv – o saloon desportivo Jaguar mais veloz de sempre. Prestações cheias de adrenalina conjugadas com uma segurança sem compromissos. Tecnologia de ponta verdadeiramente relevante e perfeitamente integrada com um interior luxuoso.

Para os machos que acham que este blog está muito feminino, e como de futebol me recuso a falar, aqui fica um modelito que me levava à certa com muito gosto. Não sei discutir binários, cavalos ou potência, mas que é muuuuiiiiito bonito e tem muiiito estilo é inquestionável.

Se pudera era este a opção, em azul escuro porque ainda fica mais classudo. E um Jaguar, é um Jaguar!

PS1 : Bolas, devo ter feito um comentário mesmo à gaja, (por aqui também não chego lá).

Ps2: Para além de futebol (de gajas) e de carros do que é que os homens falam?

19 de março de 2007

Nacional Voiyeurismo



Cada vez que acontece uma desgraça existe um gene luso que impele uma massa de gente a acorrer ao local. A coisa roçou exageros de bestialidade, quando gente do sul foi a Entre-os-Rios, provavelmente na expectativa de encontrar mais um cadáver, ou quando gente do norte desceu ao Algarve, ao lugar, onde provavelmente, também a Joana acabou cadáver.
É assim no dia à dia, quando até um vulgar acidente provoca uma fila enorme em sentido inverso, porque cada condutor procura sangue, lágrimas e chapa amolgada do lado de lá da estrada.
Mas o que é que esta gente procura?
Emoções fortes, porque a sua vida é um tédio?
Desgraça, para confirmar que aquela em que vive não é assim tão grave?

Hoje, não havia sangue, não cheirava a morte, mas há nesta estória um não sei que de desgraça a pairar no ar, talvez a pobreza e a boçalidade, por isso o povo e a comunicação social acorreram à aldeia onde vai viver a Joana/Andreia Elisabete. Invadiram o local, pisaram terrenos cultivados, avassalaram propriedade privada, bateram à porta, quase arrancaram as persianas: Todos queriam ver a menina! Não arredavam pé sem ver a menina! (Mas porque diabo é que todos queriam tanto ver a menina – é só um bebé de 13 meses, igual a todos os outros com a mesma idade).

O povo, gritou, comeu, bebeu (muito) e a menina lá foi exibida na janela qual troféu de caça. O povo urrou de felicidade, aplaudiu, as Tv´s captaram tudo, não sei se alguns fizeram directos, mas seriam bem capazes disso, mas lá no fundo o povo continuou frustrado por não poder tocar, sentir, cheirar uma boa desgraça.

Eles passaram a tarde em grande, eu continuo enojada e envergonhada!

18 de março de 2007

Crimes e Escapadelas


Quando estou muito cansada, leio. Desde sempre que é assim. Mas não leio um livro qualquer. Para descansar só servem livros de mistério, de intriga, policiais. Assim, desde os tempos do liceu, quando as coisas apertam, lá vou eu em busca do crime, da investigação, do raciocínio (mais ou menos lógico). Durante anos corri para as barras dos tribunais como Perry Mason, percorri Paris com o Comissário Maigret (o favorito), deliciei-me com as “cusquices”da Miss Marple, acompanhei as investigações na estufa de orquídeas de Nero Wolfe e viajei por esse mundo fora com o incontornável Hercule Poirot, sempre em busca da evasão, do descanso, de um desafio. Ainda hoje é assim. Como já passei a fase da Colecção Vampiro, quando vou comprar livros, compro os livros de que vou há procura e os “livros de descansar”.
No último Natal, quando divulguei à família a lista dos livros que gostaria de receber, introduzi “A Fórmula de Deus”, enquanto "livro de descansar", tinha que dar o beneficio da dúvida ao autor, de quem ainda não tinha lido nada, e o resumo Fnac prometia: “Um inesperado encontro lança Tomás na rota da crise nuclear com o Irão e da mais importante descoberta de A. Einstein, um achado que penetra no maior mistério da História: a prova científica da existência de Deus. Uma história de amor, uma intriga de traição, perseguição implacável, busca espiritual. Uma empolgante viagem às origens do tempo, à essência do universo e ao sentido da vida”.
Ok! Vamos lá ver o que o JRS tem para contar…
Ontem, estava muito cansada, precisava mesmo de descansar, preparei o cenário: puto a dormir a sesta, livro na mão, sofá a postos e … aqui vou eu!
E fui. E fiquei exausta!
Páginas e páginas sobre as teorias da relatividade, (sim porque aprendi que há duas, a restrita e a geral!), teoria quântica, forças fortes e fracas, mais as teorias x, p, t, o, moléculas, iões, protões núcleos, fusões, e sabe-se lá mais o quê. O tipo quis contar uma história ou demonstrar os seus conhecimentos de física? Desisto! Eu só queria relaxar um bocadinho, evadir-me com um bom enredo! Não queria fazer uma licenciatura em física! O gajo é parvo ou quê?

Este professor Tomás comigo não vai longe, fico-me pela pág. 166. Huf!

Nota: mal por mal, prefiro o erudito professor Robert Langdon , de Dan Brown, é que o estilo é mais ou menos o mesmo, aliás, até é demasiado o mesmo, e esse sempre investiga qualquer coisinha.

Liberdade de Ser

- Quinta-feira, 15 Marco 2007 - 10:26
Eutanásia: Inmaculada cumpre desejo
Inmaculada Echevarría, 51 anos, que sofria de distrofia muscular progressiva, viu ontem cumprido o seu desejo de lhe ser retirado o respirador artificial, que a mantinha viva há nove anos, e morreu no Hospital São João de Deus de Granada, para onde havia sido transferida horas antes.

Acredito que cada um de nós, livremente, deve poder escolher o percurso da sua vida. E se alguns, devido a enorme sofrimento, nela não encontram sentido, porque estar vivo é significativamente diferente de viver, devem em consciência poder escolher o seu fim. O não reconhecimento da eutanásia como um direito, é mais uma forma de descriminação para todos aqueles que fragilizados por condições físicas adversas não podem eles próprios agir para não viver mais.
Se viver é uma escolha, morrer também deve ser.

15 de março de 2007

Correspondência


Agora compreendo a “angústia da caneta” (no caso a angústia do ecrã) de quem escreve.
A responsabilidade de ter ideias, de escrever, de ser interessante, de manter a audiência. Isto é um stress!
O shock counter se por um lado alimenta o ego, também aumenta a pressão de ultrapassar todos os dias o share alcançado no dia anterior. Tal exige ter ideias, tempo, escrever, suar.
Mas amigos leitores "blogueiros", isto só tem graça se for construído a muitas mãos, assim: comentem, discordem, concordem, gozem, debatam, mas alimentem o blog com feedback.

Fico à espera da vossa correspondência.

14 de março de 2007

Azares

O País (ou melhor, a comunicação social) anda encantado com a historia da bebé roubada que reapareceu um ano depois. Não fujo à onda informativa, leio as gordas dos jornais, vejo as imagens nos noticiários da noite, oiço as versões contraditórias, os comentários de peritos e especialistas e penso, pobre criança, que mau destino este que lhe foi reservado, certamente será alguma coisa kàrmica, trazida de outras vidas, como diria a minha amiga Phenix. Isto é pior que um fado de 5ª categoria. Em apenas 12 meses esta menina já colecciona uma sucessão de azares infindáveis quase impossíveis de enumerar. Ora vamos lá ver:

Teve o azar de nascer num hospital com pouca segurança.
Teve o azar de ter uma mãe que, ao contrário de todas as outras, resolveu ir jantar sozinha e a deixou abandonada no berço da enfermaria do hospital.
Teve o azar de ser raptada por uma mulher pouco inteligente, que não encontrou meio de a conseguiu registar como filha, e supostamente também não a levou ao médico nem às vacinas (certamente porque não tinha os documentos necessários).
Teve o azar do seu rapto ser investigado pela PJ e assim, estando apenas a 40 km do local onde mora a sua família biológica, não foi encontrada.
Teve o azar de ter sido roubada para manter uma relação, que se mostrou bem frágil, uma vez que afinal foi o seu suposto “pai” com uma sua irmã, que denunciaram a sua “mãe” raptora.
Teve o azar de na aldeia para onde irá morar existirem uma série de vizinhas histéricas e gritadoiras.
Teve o azar da sua família biológica ser paupérrima, morar numa casa suja e miserável.


Vai ter azar porque depois de ter passado um ano a chamar-se Joana vai ser registada com Andreia Elisabete.

O que será desta criança?
Temo que este azar que lhe inundou o seu primeiro ano de vida permaneça pela vida fora!
Para nascer é preciso ter sorte!

Nota: Agora sem ironia, espero que terminado o folclore, apagados os projectores e desligadas as câmaras de TV, por uma vez, a Comissão de Protecção de Menores, da região, funcione e acompanhe esta criança. 3 dos seus irmãos biológicos estão entregues a terceiros. Porque será?

12 de março de 2007

Desafios Internéticos

Abro tranquilamente a minha conta de mail pessoal e salta gritante a letras encarnadas berrantes, uma questão do Diário Digital: Sócrates 2 anos de governação: que nota lhe dá? Por segundos fico parva a olhar para aquilo: “Ora esta!”. Depois, a indignação: “Então já não se pode abrir as mensagens sossegadamente, agora fazem perguntas parvas? Eu sou lá o Prof. Marcelo para andar por aí a dar notas?”. Por fim, a malvada da minha curiosidade instala-se, vou ver o artigo, leio: “…Sócrates congelou, em 2006 e 2007, a progressão nas carreiras da administração pública, subiu a idade da reforma (de 60 para os 65 anos) aos funcionários públicos, extinguiu subsistemas de saúde, retirou direitos do estatuto da carreira docente, encerrou escolas, maternidades e serviços de urgência com pouca procura, em nome da «racionalização» de meios. Também atacou aquilo que afirmou ser os privilégios corporativos, entre outros, dos juízes, polícias, militares e dos médicos. Após várias manifestações sectoriais, mais de 100 mil pessoas protestaram em Lisboa contra as medidas do Governo. Os sindicatos falam na maior manifestação dos últimos 20 anos. Ao mesmo tempo o executivo e o seu primeiro-ministro aguentaram-se firmes (e até subiram) nas sondagens. Diga-nos como avalia estes dois anos de Governo socialista. Como é que as medidas tomadas mudaram a sua vida. E o que pensa de Sócrates?”

Muito bem, aceito o desafio! vamos lá responder às questões:
- a avaliação;
- como é que as medidadas adoptadas afectaram a minha vida;
- o que penso do senhor PM.

A última parte da questão é fácil! O que penso de Sócrates e da sua popularidade é só ver no post de 2 de Março.
Agora quanto ao resto…vamos lá ver, a avaliação. Dão lugar a nota negativa, os seguintes factos: o meu ordenado está congelado; concursos e progressão na carreira não existem; eu e a minha "corja" de colegas da Administração Publica somos difamados e insultados dia sim, dia sim; o meu médico de família reformou-se antecipadamente e agora não há outro para o substituir; o meu filho está numa creche privada, (aliás privadíssima a ter em conta o preço), e certamente irá para uma escola privada porque não confio na educação pública; tenho seguro de saúde privado para não ter que recorrer aos hospitais públicos; os juros da prestação do empréstimo da casa não param de subir… (esta não tem directamente a ver com ele, mas pronto!).
A outra dimensão da questão: como é que as medidas mudaram a minha vida. Bom, pensando bem nos últimos tempos… vou menos ao cinema, vou menos ao teatro, vou menos comer fora, faço menos compras, acabaram as escapadinhas de fim-se-semana... (ora bolas e eu a pensar que era por causa do puto que tinha deixado de fazer estas coisas, afinal é por causa deste malandro!!!).
Começo a ficar irritada.
Mas para uma avaliação justa ainda faltam os factos que darão lugar a nota positiva. As coisas positivas, as coisas positivas.., há! A minha mãe reformou-se antecipadamente (com penalização é claro!) porque não teve paciência para esperar pelos 65 anos, o que dá um jeitão quando o puto adoece. Ora, mais coisas boas…mais coisas boas… Não encontro assim mais nada.... Já sei! Ele vai propiciar-me uma coisa boa… vou voltar atrás 20 anos, vou ser uma adolescente convicta de novo, vou gritar palavras de ordem, vou percorrer Avenidas a pé na Primavera, vou sentir-me unida a uma enorme multidão em marcha, vou redescobrir a irreverência. Prometo-me que vou à próxima manifestação! Obrigada Sr. PM pela decisão que fez brotar de mim.
Ainda assim, chumba, e sem hipótese de ir à oral. Dou-lhe um 5, porque deve ser capaz de escrever o seu nome sem erros ortográficos e porque não resisto a um gajo giro.

Click!




Gosto desta foto. Gosto muito desta foto.
Gosto do ângulo em que a tirei.

Estava inebriada com a proximidade, com o cheiro, com a energia que emanava do bicho, com a heterogeneidade das cores e formas de cada uma das suas manchas, e quando olho mais para cima, na procura talvez do seu olhar, fico fascinada pelo contraste entre o animal, que se imagina selvagem, e a torre com os cabos eléctricos hiper-civilizacionais que cruzam o céu e onde ela parece poder tocar...
Foi o surreal que quis captar neste instante.

9 de março de 2007

Eu mato um!

Antes do pequeno-almoço eu não sou uma boa pessoa. No meio do trânsito, de manhã, sou mesmo perigosa. A minha tolerância ao universo está no seu limiar mais baixo, digamos que é inexistente!
Não gosto de acordar cedo, não gosto de trânsito é uma chatice ter de ir trabalhar. Ainda gosto menos que impeçam o meu direito de livre circulação. Uma fila, por mais pequena que seja, põe-me à beira de um ataque de nervos. Ora, desde há uns tempos para cá, existe uma conjugação de factores que desperta em mim instintos homicidas: uns rapazes a distribuir jornais gratuitos junto aos semáforos, logo às oito da manhã, quer esteja encarnado ou verde, e uns condutores parvalhões que param e põe a mãozinha de fora para os recolher – pois são grátis! (E vai lá um bom “tuga” dizer que não a algo grátis, aliás, pedem logo dois ou três jornalecos para familiares e amigos, nem que seja para os deitar pela janela fora no semáforo seguinte). Assim, quando a luz verde do semáforo acende, não acontece nada, eu continuo parada, porque o “negócio” dos jornais continua lá à frente!
Eu, reclamo, buzino, recuso a oferta, faço cara feita ao ofertor de jornais, mas a coisa continua...
Um dia destes passo-me e mato um, aí mato, mato!


8 de março de 2007

Porque hoje, é hoje!


Porque hoje é 8 Março!
E eu estou sem tempo para conversas, mas não posso deixar de começar a manhã sem assinalar a data. Aqui fica...

"Gosto da força que temos, e que é amaciada por uma imensa sensibilidade; gosto do pragmatismo que nos move, que nos faz ter esta capacidade de ter os pés na terra e de mover o mundo; gosto quando argumentamos com base na emoção, sabendo que esta é tão legítima e importante como a mais elaborada estrutura racional; gosto da ternura que imprimimos nas nossa relações, sabendo-nos capazes das mais radicais e cortantes decisões; gosto da importância que damos aos detalhes, da forma como iluminamos os dias; gosto do nosso instinto de sobrevivência, que nos faz bravas e duras; gosto da maciez da nossa pele e dos contornos doces do nosso corpo; gosto porque temos coragem de virar a mesa e de não fingir que tudo está bem; gosto do modo como nos damos, como queremos tanto construir terreno comum; gosto da sensação indescritível de se ter dentro de nós os filhos que desejamos; gosto da forma inadiável como ficamos para sempre ligadas a alguém, presas à terra, a partir do momento que somos mães; gosto porque sabemos muitas coisas antes, porque quase que as adivinhamos, embora isso só aconteça porque pensamos muito, e de forma profunda, em tudo o que fazemos; gosto porque somos múltiplas, várias, caleidoscópicas, fascinantes. Gosto quando vivemos a fundo a generosidade impressa na nossa condição e quando não jogamos jogo nenhum, que não o de ser feliz e o de fazer feliz.
Gosto muito, muito de ser mulher. "

Guta Moura Guedes
Março 2005

6 de março de 2007

Obrigada Dr. E

Não pertenço ao grupo dos leitores de livros de Auto-Ajuda. Nunca pertenci. Não compreendo o interesse destes livros que vendem, na melhor das hipóteses experiência de vida, e na pior, uma amálgama de banalidade e ideias feitas.

Detesto o modo como são escritos, as caixinhas síntese que os atravessam, irritam-me, pois só podem servir para nos convencer que somos estúpidos e não nos conseguimos apropriar das principais ideias da coisa, ou para nos infantilizar, porque nos remetem para os manuais escolares do secundário. Isto para não falar dos desenhinhos que apresentam para exemplificar as suas ideias e encher a sua obra, sempre impressa a letra gorda, porque em regra as ideias são escassas.

Detesto mais ainda os seus escritores, que imagino muito ricos e muito felizes por todos os desesperados e desafortunados que conseguiram ajudar/enganar. Irrita-me especialmente um senhor, que se apresenta nas contracapas dos seus diversos livros de aspecto monástico e melancólico onde supostamente transparece a sua enorme sabedoria através das longas melenas brancas e barbas de pai natal. O santinho deve estar riquíssimo, a escrever banalidades atrás de banalidades, aliás ele só deve ter escrito um e depois é “copiar” “colar” por diversas ordem e já está! Mais uns livrinhos e mais uns milhares de dólares na conta da Suíça.

Descobri em tempos uma hilariante sátira à industria dos livros de Auto-Ajuda, o “Felicidade” de Will Ferguson, que não resisto a recomendar a todos aqueles e aquelas que me sugerem a leitura de mais um livro de tão brilhante “literatura"!

Mas, há dias caí em tentação!
(A vida tem sempre um mas, certamente existirá um livro sobre este tema)!
3 anos a saltitar da minha cama para a cama do puto vezes sem conta durante a noite, 3 anos sem dormir uma noite seguida, fizeram-me, após um programa de rádio, correr para a livraria mais próxima e pedir, por favor, o “Método Estivill: um guia rápido para os pais ensinarem os filhos a dormir”, do Dr. Eduard Estivill. Confesso que na livraria tive um momento de hesitação: “isto é só um livro fininho com um CD, de 20 minutos que resume um método, isto é uma parvoíce!”, pensei … mas a informação gritante da capa “mais de 1 milhão de livros vendidos, funciona em 95% dos casos”, o facto de ser o último disponível na loja, e de o autor apresentar um CV tão científico, a esperança de dormir uma noite sem interrupções…
Capitulei, comprei-o!

Chego a casa, percorro as suas 84 páginas em diagonal, à procura da novidade, da ciência, do método. Fujo às famigeradas caixinhas, ignoro os bonequinhos que enchem páginas e páginas, procuro o essencial, pág. 25 banalidades, pág. 38 palha, pág. 47 nada de novo, pág. 62,uf! Uma tabela que define de quanto em quanto tempo se entra no quarto para minimizar a berraria dos petizes! Pág. 64, página inteira com caixa do resumo do método! Mas o método é isto (?) ora bolas! Mas eu sei isto tudo!

Muito bem meu menino, eu quero dormir!
Com método ou sem método, eu quero dormir!

Há uma semana que sou inflexível, não sigo o método do Dr.E., sigo o meu! Aquele que eu sabia, desde sempre, que era o correcto, mas que hesitava em aplicar. Depois de 3 noites de gritaria infernal (onde também não cumpri os tempos da tabela do Dr. E, mas os do meu bom senso) o meu “anjinho” aprendeu a autonomia do sono, e milagre dos milagres começou a dormir as noites inteirinhas!

Muito obrigada Dr. E, não me ensinou nada de novo, não apliquei o seu método, mas reuni a convicção necessária para aplicar o meu!
Afinal o seu livro ajudou-me, de forma enviesada, mas ajudou!

5 de março de 2007

Tentativas...

Eu tento, juro que tento. Cada fim-de-semana, eu tento.
Consulto livros, consulto profissionais, consulto amadores, tomo notas, coloco questões, preparo o material, cumpro todas as indicações e tento!
Tento com todas as minhas forças, tento com convicção, tento depois, desesperadamente!

E o resultado é aquele que se vê!

Cada um é para o que nasce!

2 de março de 2007

O Homem do Leme


Muitos analistas políticos, sobretudo fora da área do PS, continuam a perguntar-se porque é que o actual PM mantêm valores tão elevados nas sondagens de opinião. Parece que os dois anos de políticas desastrosas e autocráticas não o desgastaram, nem um bocadinho, e o mantêm em valores muito, muito acima da linha de água.

Mas ó senhores analistas, olhem para ele!!! Ainda não perceberam…
Ele é lindo, veste bem e deve cheirar bem, mesmo depois das suas corridas matinais.

E isto, para nós mulheres, é muito importante! É aliás o mais importante!

Vejam bem, o homem não é gordo, não possui barriga, tem uns lábios carnudos e sensuais, parece ter dentes impecáveis e não é careca. Tem aliás o tom de "grey" certo, e um corte de cabelo no limite do clássico mas com um não sei que de "enfant terrible" que nos apetece logo despentear. Ele está assim entre o Mourinho, mas com classe, e o George Clooney, mas mais acessível e a falar português.

Depois, quando discursa no parlamento tem rasgos de humor e ironia, janta com filósofos espanhóis, tem bom gosto para as férias, fica giro de camisola de gola alta, nas entrevistas demonstra cultura geral aceitável (acredito que se desenrascaria no programa do Malato) e ainda por cima teve "cojones" para defender a liberalização do aborto com os punhos da camisa desapertados (?) nos tempos de antena do PS.

Confesso que é o único político em relação ao qual tenho alguma dificuldade em concentrar-me no conteúdo das mensagens, pois começo logo a imagina-lo na intimidade, qual B.Clinton a brincar por cima, ou por baixo, das secretárias de São Bento, ou ao acordar com os cabelos grey em desalinho, depois de uma noite de loucura e ainda a convidar para o duche da manhã (ele parece mesmo ser um homem de muita energia!). O raio do gajo é mesmo sexy!

Portanto amigos analistas e comentadores, em jeito de resumo é assim:
O país é o que é, e não orgulha ninguém!
Os políticos são uma corja inútil e pouco competente!
Este governo é uma nódoa, é mesmo do piorzinho dos últimos tempos! (o do Pedro não conta porque não teve tempo para nada).
Mas pelo menos, este gajo quando vai lá fora, faz vista, não ficamos a perder ao pé de nenhum dos outros PM da UE! E isso é muito importante!
Sempre tive vergonha do Cavaco, do Guterres e do Durão, e só pensava… os gajos vão ficar todos a pensar que nós para além de periféricos, desorganizados e pobres, somos feios, de boca disforme, nariz torto e a sibilar as palavras entre dentadas de bolo rei. Por isso, acredito que durante mais uns anos este vai ser o “nosso” homem do leme – porque tem uma belissíma image, que sabe vender.

E uma boa imagem vale mais que mil palavras e boas politicas. Pode ser, é que quando começarmos a passar fome (porque os salários reais continuam a descer e o desemprego a subir e os sitemas de saúde e educação a piorar) outros valores mais altos se imponham!
Mas por favor escolham um PM com mais de 1,75 (é o mínimo que exijo!).