28 de agosto de 2007

A culpa é… da mãe!

7.45- Hora do beijo de despedida.
Entro no quarto em bicos de pés, debruço-me na cama para o nosso melado beijo da manhã e a minha mão fica imediatamente mergulhada num edredão ensopado em xixi! Acabou-se o beijo. Acendo a luz. Acordo-o e começo o discurso: “então filho fizeste xixi na cama, tu és um bebezoca? Como é que queres ser um crescido? Então porque é que não pediste? A mãe não te está sempre a dizer para nos chamares quando tiveres vontade? Queres tu ser um crescido! Levanta-te para eu limpar isto? Agora já vou sair atrasada!

Interrompo o discurso, e olho para o meu rapazinho de 3,5 anos, sentado na cama, com cara de sono, mãos na cintura e ar zangado, que me responde com voz grossa: “ A culpa é toda tua! Porque é que não me puseste uma fralda para eu poder dormir descansado? “. Controlo a surpresa e a gargalhada, continuo a ladainha do ralhar, enfio-o na cama com o pai e vou pôr a roupa de cama na máquina, penso:”será que o puto já anda a ler Freud?”. Do meu quarto oiço gargalhadas, estão os dois a ver desenhos animados. Bato com a porta e levo a cadela à rua! Bolas!

27 de agosto de 2007

Insanidade (de segunda-feira)




Depois de um duro fim-de-semana e na perspectiva de uma semana difícil, sem pai presente, e portanto com todas as actividades indispensáveis à manutenção do puto imputadas à minha pessoa, dou por mim a pensar como um filho nos traz, a nós mulheres, um mundo de afectos, mas também nos enche todos os espaços, ocupa todos os momentos (sobretudo os em que é suposto estarmos a dormir) e nos torna consciente de que nunca mais estaremos sós, despreocupadas e em silêncio.

Dou por mim a recordar, nostalgicamente, os tempos em que não tinha filho, não tinha cão, vivia sozinha e era tão feliz. Dona e senhora do meu reino exterior e interior, gestora única do meu tempo, dos meus afectos, da minha casa, sem horários, que não os do trabalho, sem quaisquer regras que não as minhas próprias, sem compromissos ou preocupações e com 17 horas diárias de liberdade…17 horas diárias de liberdade (isto é demais para mim hoje, acho que vou começar a chorar…)

O filho e os compromissos a ele associados, foram e são, sem dúvida, a escolha mais dura que alguma vez tive que fazer. Mas o maior problema que me atormenta: é que às vezes tenho vontade ter mais outro filho!

Há aqui um traço de insanidade qualquer, absolutamente inultrapassável e inexplicável. Deve ser porque é a última segunda-feira de Agosto! Só pode!

E também porque o puto, antes de adormecer, me murmura sempre ao ouvido: “gosto muito de ti mã”.

24 de agosto de 2007

Silly Season ?




A revista ‘Paris-Match’ publicou no dia 9 uma fotografia retocada do presidente francês, Nicholas Sarkozy. A denúncia foi feita pela ‘L’Express’ que acusa a rival de ter limpo em Photoshop as gorduras da cintura do chefe de Estado.
in CM on-line
Que assunto fascinante! Óptimo para discutir num fim de tarde de sexta-feira à beira mar... isto, pela certa, vai dar conversa pela noite dentro!:)

23 de agosto de 2007

Sestas


Voltei ao trabalho apenas há 8 dias e por mais que tente não consigo (re)descobrir como é que é possível viver sem dormir a sesta. Ando cá com um mau humor! Saíam da frente senão eu mordo! Onde é que está a minha almofada! E o sofá! E o livro! Quero tudo aqui, já! OUVIRAM!

21 de agosto de 2007

Emoções fortes




Ainda não descobri o encanto desta nova forma de conduzir em Lisboa.

Acho diferente e perigosa, mas acredito que quem decidiu que assim deveria ser tem alguma consciência cívica…e pensou em combater o tédio da condução lisboeta.

Primeiro andamos a uma velocidade aceitável, digamos, normal, como sempre fizemos até aqui, depois, quase, quase, em cima dos novos radares, travamos bruscamente para o ponteiro descer para os 50km/hora, e evitar a famigerada multa, logo, logo a seguir aceleramos a fundo para recuperar o tempo perdido com a travagem, e assim percorremos a cidade entre a velocidade imposta por um cortejo fúnebre e a mais louca corrida de todos os tempos.

Confesso que nunca antes tinha andado, nem tão depressa, nem tão devagar na cidade.

Por este andar os parques temáticos vão ficar às moscas, porque esta nova forma de conduzir trás emoções (sobretudo quando o carro da frente teima em travar um pouco antes do esperado) e enjoos que cheguem…. Tudo isto aumenta exponencialmente no radical percurso da Avenida de Ceuta, onde ao radar e às consequentes aceleradelas acrescem, logo em seguida, umas paredes de escalada em forma de bandas sonoras que nos obrigam a reduzir para 10 km/h para as conseguirmos transpor sem o nosso cérebro abanar, então a coisa fica mesmo radical, porque depois é preciso acelerar ainda mais!

Nem sei como conseguimos viver e conduzir tantos anos na cidade sem esta torrente de emoções…

20 de agosto de 2007

Descobertas de Verão



Tenho uma relação complexa com o religioso. Sempre me interessou enquanto fenómeno de massas, mas nunca encontrei em mim rasgos de fé… Mas procuro, sempre procurei. Desde muito pequena quis e nunca encontrei… Nos últimos tempos tenho procurado, mais intensamente encontrar uma via, um caminho espiritual (os 40 fazem destas coisas), procuro o equilíbrio, procuro encontrar em mim a energia primordial…
… e nas minhas arrumações de verão (re)encontrei a oração perfeita:

Senhor, dai-me a inocência dos animais
Para que eu possa beber nesta manhã
A harmonia e a força das coisas naturais.

Apagai a máscara vazia e vã
De humanidade
Apagai a vaidade
Para que eu me perca e me dissolva
Na perfeição da manhã
E para que o vento me devolva
A parte de mim que vive
À beira dum jardim que só eu tive.

Reza da manhã de Maio
Sophia de Mello Breyner Andresen
in "Dia do Mar"

17 de agosto de 2007

I’m back!




Voltei. Recomeço as rotinas, ligo de novo o computador, espreguiço-me e penso no tanto que ficou por escrever neste mês de ausência e no tema que poderia ter este post de regresso:
- Podia falar de como tenho as costas queimadas de tanto fazer castelos de areia;
- Podia falar dos passeios em noites de verão;
-Podia falar de como me cruzei diariamente às onze da manhã com pessoas que chegavam à praia com crianças muito pequenas, ou mesmo, das meninas inglesas, brancas e loiras, minhas vizinhas de hotel, com quem me cruzava às 17.00h, quando ia para a piscina com o puto, e elas regressavam com os pais ao quarto, e de como ficaram com feridas e crostas nos ombros e no nariz e de como continuaram a frequentar a piscina das 11.00h às 17.00h envoltas em pomada para queimaduras;
- Podia falar de outros pais ingleses que continuam a ter ideias difusas de como cuidar, educar e proteger os seus filhos (será um traço cultural?);
- Podia falar do espanto com que vi carros na auto-estrada onde no banco de trás viajavam três adultos e crianças ao colo (e de como isso me devolveu às minhas memórias dos anos 70 e 80, quando nos carros quanto mais melhor…);
- Podia falar dos livros que li;
- Podia falar dos longos almoços com amigos;
- Podia falar das íntimas conversas e das gargalhadas de mulheres;
- Podia falar das sestas…;
- Podia falar de amor;
- Podia falar de como me cruzei com um carteirista no Castelo;
- Podia falar das “últimas” manias e conversas do puto;
- Podia falar da angústia que já sinto, com a sua saída da creche e mudança para o novo colégio, no próximo dia 12 de Setembro;
- Podia falar do meu regresso ao trabalho, a este limbo, onde meses depois da extinção ainda não se sabe o que vai acontecer…

Podia falar de tanta coisa…. mas ainda estou cheia de preguiça…. talvez para a semana recomece….