4 de dezembro de 2009

O livro

Comprei-o ? ou terá sido um presente? em final de 2003 e li-o.
Mas porque demasiado egocentrada naquele aquário que transportava no abdómen e naquele ser que vivia nas minhas entranhas, não fez eco em mim.
Agora, seis anos depois, em mais uma das incursões na minha (modesta) biblioteca, dei com ele e reli-o. E descobri um autor, e descobri-me a mim, e descobri como gostava de um dia escrever, de manipular as palavras na exacta direcção dos afectos, de estruturar um argumento, de fotografar uma relação, e de pensar nas minhas relações e nas verdades e nas mentiras que as sustenta(ra)m. E apetecia-me transcrever o livro todo para o "(im)perfeitos amores". Basta abrir numa página qualquer (como acabo de fazer) e encontrar, coisas como isto:
"...O mais difícil do casal é que há sempre algum momento em que se tem de voltar para casa quando não se tem vontade. Não se pode estar a fugir constantemente. Existe um momento no qual tem de se bater à porta ou simplesmente entrar nesse lugar onde se vai construindo a golpes de martelo não se sabe se um colarzinho de ferro bonito se umas cadeias que prendem às paredes da casa conjugal. Bet ouve os barulhos íntimos do prédio, o barulho do elevador que pára no andar, o rodar das chaves na fechadura. «O que é que aconteceu, Alf? Como é que chegas tão atrasado?»E ele, escorregando sobre a evidência, no limite entre os ciúmes e a falsidade, entre a consciência pesada por ter estado a beber copos com o inimigo e a suspeita de estar a dormir com a sua inimiga, deixa-se levar e diz: «Já sabes. A reunião de trabalho, talvez haja novidades ...»."...
( 0 livro foi galardoado em 2002 com o Prémio 23 d' Abril, em Espanha, o país do autor)

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