Aprendemos nos livros que educamos os nossos filhos por referência aos nossos próprios modelos de parentalidade e que o podemos fazer por duas vias: por imitação ou por oposição. Ora isto cá em casa é muito divertido, porque não é verdadeiro. Nem eu, nem o pai do puto tivemos “modelos”: eu, filha de uma adolescente, digamos que tive uma mãe sui generis, cuidadora, eficiente, mas “pouco mãe” naquilo que se considera expectável no exercício da autoridade e da afectividade [tenham calma porque esses tempos já foram apaziguados por alguns anos de divã e sobretudo compensados pela avó fantástica que é!]. Enfim, foi mais amiga/irmã do que mãe. [Eu fui, na adolescência, invejada por todas as minhas amigas, pois podia fazer tudo, desde que fosse uma aluna exemplar, quando eu própria as invejava por terem mães e pais que não lhes permitiam fazer algumas coisas, que se calhar eu não deveria ter feito]. Ele, por outro lado, filho tardio, depois de três irmãos muito mais velhos, órfão de pai desde criança, foi criado por uns e por outros ao sabor de vontade própria e sem ninguém lhe dar mimo ou muita importância. Assim, face às nossas experiências não convencionais educamos mais ou menos intuitivamente sem referência a modelos claros aos quais nos opor ou repetir. Eu, confesso que sou uma teórica, sempre com “livrarada” atrás para legitimar esta ou aquela atitude, reforçar comportamentos, validar mimo, mimo e mais mimo :). O pai, mais autodidacta, aposta naquela coisa de estabelecer regras, traçar fronteiras e criar cumplicidades masculinas. Assim, diariamente fazemos o nosso melhor, entre ansiedades e gargalhadas, mas pelo que vejo e pelo feedback que temos tido, até agora, não nos temos saído muito mal. Mas que é difícil, é!
2 comentários:
Como te entendo! Apesar de ter herdado alguns (bons)valores familiares, acho que não me safava se não tivesse o apoio indiscutível dos livros, pois aposto no conhecimento para chegar à compreensão e, por conseguinte, ter a melhor atitude (o que poucas vezes se consegue, mas enfim, tenta-se!). O essencial, parece-me, é termos bom senso e percebermos o que é ou não importante ensinar-lhes. E tentarmos não enlouquecer! :)
Vocês são um trio maravilhoso!!!! Isso é o que eu sei!
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