Por circunstâncias da vida hoje estou em casa.
A paciência é nula, a febre ainda aperta, e pelo nariz não entra nem sai ar... e canso-me! e a televisão cansa-me, e as polémicas abstrusas cansam-me.
Não sei se será efeito secundário de tanta medicação, mas a desinteligência, a intolerância, o bacoquismo, cansam-me imenso.
Estou exausta da polémica do Caim, que ainda não fui à livraria comprar, (mas que quero desesperadamente, porque sou fã e na minha prateleira existem todos os outros filhos do autor) e portanto sobre o qual não posso falar, ao contrário de uma série de gente que mesmo sem o ler elabora sobre a obra discursos eloquentes e pueris ...
Como estava mesmo cansada, e não tinha nada novo para ler, (não se esqueçam do meu aniversário no mês que vem!!) fui até ao escritório e tirei (como faço tantas vezes) de olhos fechados um livro da estante, para reler, para me entreter e descobrir novas leituras da mesma obra e eis que tenho em mãos "o crime do padre amaro", do unânime (?) grande Eça, e depois de 120 paginas dou comigo a pensar, como teria sido a história deste herege escritor quando publicou esta obra em 1879? Como é que escapou da fogueira? Como é que permaneceu com a nacionalidade? Terá sido espancado em alguma esquina, num ajuste de contas clerical?
Ou a sorte dele terá sido o facto de na altura não existirem pseudo-políticos comentadores literários que ninguém sabe quem são e ambicionam pelos seus minutos de fama...
Não tivera tão cansada ia procurar esta história…
1 comentário:
Ehehe Pensei precisamente o mesmo quando terminei o Crime do Padre Amaro: como terá feito o Eça para se manter vivo depois de escrever uma coisa destas? Ainda não li o Caim, só tenho ouvido falar em polémica, e espreitei no fds um debate entre o próprio Saramago e um padre cujo nome não recordo. Que disparate pegado. Então agora não se pode escrever um livro, exprimir uma opinião? Quer-me parecer que em Portugal estamos a recuar a passos largos para uma nova ditadura: ou dizes o que todos querem ouvir, ou és lançado à fogueira. E isso, depois de termos tido um Eça na nossa História, é deprimente.
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