31 de outubro de 2010

A&L, lda.

Há 7 anos, ela disse-lhe que sim. Num fim de tarde chuvoso, ele respondeu-lhe que sim. Não trocaram alianças, ela não se vestiu de branco, ele não pôs gravata, (cada um deles já tinha cumprido anteriormente, com outros, esses chatos rituais sociais) apenas formalizaram o contrato, porque o que os uniria para a vida estava hà 4 meses dentro dela: o primeiro filho de ambos. Em noite de bruxas, certamente por elas abençoados, celebraram a sua união à beira mar com aqueles de quem gostavam e não com os que mandavam as convenções. Ainda hoje são assim: diferentes mas seguros, litigantes mas confiantes, discordantes mas inseparáveis, exactamente porque sabem que a sua relação assenta na profunda paixão pela liberdade. Ficar ou partir é sempre uma escolha, com custos é certo, e porque ambos já lhes conhecem os percursos, a escolha ainda continua a ser ficar. Hoje, no meio das montanhas, com o filho entre eles, debaixo da tempestade, (re)gritaram, bem alto, ao vento os seus votos.

28 de outubro de 2010

A poesia é uma arma....

O POEMA DA 'MENTE'

Há um primeiro-ministro que mente.
Mente de corpo e alma, completamente.
E mente de maneira tão pungente
Que a gente acha que ele mente sinceramente.
Mas que mente, sobretudo, impunemente...
Indecentemente... mente.
E mente tão racionalmente,
Que acha que mentindo vida fora,
Nos vai enganar eternamente.


Anónimo

22 de outubro de 2010

Recado para Pedro, II



Caro Pedro, é este senhor que escolheu para negociar com o PS o OE2011? Talvez por isso eles estejam contentes, não? Favores, com favores se pagam...

Gostava, sinceramente, de acreditar em si, mas com estas companhias....

19 de outubro de 2010

O OE 2011

O Orçamento do Estado 2011 é incontornável. Ecoa cá em casa como bomba relógio prestes a explodir. Fazem-se planos de cortes do acessório, para mantermos o nosso indispensável (ainda que possa ser acessório para outros). Eu, maldigo o Governo, qual prima-dona de uma opereta infeliz, vocalizo o despesismo brutal a que assisto diariamente e não me conformo com o corte no ordenado. O gajo, perde a cabeça, eleva o tom de voz, e baritonomamente afirma: “ vamos mas é sair daqui, vamos viver para a quinta. O que está a dar é a economia de subsistência”. O puto entra na sala, para apreciar tão vetusta confusão, atiro-lhe logo um: “meu menino, olha que leite achocolatado e o bongo 100% para os lanches é melhor esqueceres, vai passar a ser muito caro o raio do Socrátes acha que são protudos de luxo”. Ele faz beicinho, cruza os braços e começa: “ vim só avisar que não quero sair do meu colégio por isso não podemos ir viver para a quinta! Mas podemos trazer uma vaca e umas galinhas da avó e pôr aqui no terraço. Ficamos com ovos e leite para vender aos vizinhos e assim ficamos ricos!” Nós começamos às gargalhadas e eu fico a pensar que o puto tem futuro no negócio… sobretudo porque não deve estar a pensar declarar os rendimentos ao fisco…

17 de outubro de 2010

Desejos e Orações

Geralmente, depois da história e antes de lhe apagar a luz, rezamos [quero dar-lhe a fé que não tenho]. Tanto pode ser ao anjinho da guarda, um pai-nosso [que agora anda a aprender no colégio], ou uma qualquer oração que acabemos por inventar. É comum começarmos por agradecer as coisas boas do dia e depois formulamos alguns pedidos. Os pedidos geralmente versam em torno da saúde, da nossa e dos que amamos, da felicidade, da família, da harmonia, do ambiente, da natureza [isto de que se querer passar valores aos filhos tem que se lhe diga]... Às vezes lá vem um pedido mais material de um brinquedo x, de um livro, de um DVD... e eu lá explico que esse tipo de coisas não se pede, fazem-se por merecer, bla, bla, bla... [as coisas que digo à criança! eu sei, eu sei!].
Mas na oração de hoje fiquei calada quando ele pediu ao anjinho da guarda para fazer desaparecer o Sócrates de uma vez para os pais passarem a receberem mais ordenado! :)

7 de outubro de 2010

Vaidade [académica]

Procuro incessantemente a palavra vaidade. Desde segunda-feira ela impõe-se-me, atormenta-me, persegue-me, magoa-me, não me deixa dormir. Percorro na net os seus significados, quem sabe as suas razões
A Infopédia diz-me:
Nome feminino.
1. qualidade do que é vão ou inútil, sem solidez, sem duração
2. atitude ou sentimento de superioridade relacionados com a opinião elevada, frequentemente exagerada, relativamente às próprias capacidades
3. vanglória; ostentação
4. presunção ridícula; fatuidade
5. coisa insignificante ou sem valor a que se atribui muita importância, futilidade
(Do lat. vanitáte-, «id.»)

Respiro fundo, para baixar a pulsação, enquanto leio os significados da palavra. Consciente de que foi com ela o meu confronto. A vaidade [vã, vazia, triste] pela sua futilidade, ainda agora me atormenta.

Nunca a vaidade se me tinha sido imposta assim, deitada à cara, escarrada, investida do poder que a si próprio o interessado avocou. Tive pena [é este sentimento de pena que me continua ainda agora a atormentar] daquele homem, quiçá senil, que despudoradamente me questionou com uma inocência [quase] pueril e uma raiva brilhante nos olhos, a razão de não lhe ter reconhecido a sua imensa, enorme, dantesca sapiência, cometendo o crime tremendo [mesmo fatal] de apenas o ter citado num pequeno artigo na extensa bibliografia que apresentei, e de ter optado por outros autores: os do presente, do agora, da ciência em que acredito. Ainda espantada com tal indecoro, lançasse-me às canelas arrogando o meu descarado roubo nos agradecimentos e salamaleques prestados ao iminente orientador, [com quem me cruzei duas vezes, não mais, num total de 40minutos, talvez]. Pigarreia o próprio [o orientador supostamente ofendido] dividido entre a obrigação de me defender e a cumplicidade académica [quiçá orquestrada] magoada. Escuda-se, em estatísticas, na "nossa" capacidade de produção científica, [sim porque esta faculdade também é minha], no nosso imenso prestígio reconhecido nacional e internacionalmente, num discurso vazio e magoado, pois não fui eu escolher seus iminentes colegas de outras paragens. E volto a ter pena, [ter pena, mata-me!] da fragilidade daqueles homens que só são o que se acham, que gostariam de ser mais, mas se reflectem defensivamente em espelhos destorcidos que os aumentam e alargam para masturbar intelectualmente a sua existência. Permaneço atónita no fim da sessão de júri, como é que depois de tantas criticas à "cientificídade" do meu trabalho acabo por receber um "Muito Bom". Talvez a sua vaidade imensa os tenha compelidos a ser magnânimes, ou a arguente, [a quem competia a mais dura critica] mulher inteligente, claramente uma sobrevivente naquele universo pueril, tenha intercedido teimosamente por mim.
Resta-me acreditar que a nova geração de académicos se venha a preocupar mais com a evolução do conhecimento, com a melhor qualificação dos seus alunos e de uma vez por todas deixem de olhar para os seus feios umbigos.
Assalta-me a esperança que a progressiva feminização dos mais altos cargos do mundo académico o torne melhor e deixe de possibilitar aquela coisa catraia de os rapazes andarem a comparar o tamanho dos seus pénis, é que nunca vi, meninas a medir e comparar clítoris...

5 de outubro de 2010

Sou...


Provas públicas feitas. É oficial, sou mestra!