20 de junho de 2007

Conversas de puto (outra vez)

- Mãe aquele carro é um renault laguna ou um megane? É um carro ou uma carrinha?

Pois é! São assim as nossas últimas conversas.
Tendo esgotada toda a sua curiosidade relativamente a aviões e companhias aéreas, saciada com a sua primeira viagem aérea, da qual gostou mas que o desencantou relativamente àquelas coisas que andam no ar, pois nunca mais o vi levantar os olho para o céu quando um avião sobrevoa a cidade, passámos compulsivamente para as marcas e modelos de carros, carrinhas, camiões e autocarros. Se as marcas já são "trigo limpo", não escapa uma, com os modelos a coisa é mais complicada, para ele e para mim! Porque raio é que os carros velhos não são deitados fora!! Como é que eu compatibilizo, por exemplo, clios, meganes e lagunas, com R5, R9, R19, R23 e afins? Ora bolas ninguém pensa na dificuldade de uma mãe em explicar tudo isto!

A nossa viagem ao campo foi alucinante, 7 horas (3,5 para cada lado) em auto-estrada, ip's, ic's e outras is que nem merecem ter nome e aquela alma a debitar marcas e a perguntar modelos dos que iam á nossa frente, ao nosso lado, dos que nos ultrapassavam, dos que nós ultrapassávamos, dos que estavam estacionados... Já imaginaram o fartote de passar por aqueles camiões eles próprios carregados de automóveis? Os gritos eram mais que muitos, para abrandar para poder ver todos os modelos... ufa!

Mas porque é que este puto não dorme no carro, como todos os outros, mas porque é que não vê os desenhos animados do dvd. Porque é que não se cala!?

- Mãe porque é que há mitsubishis com as coisinhas encarnadas e outros com as coisinhas cinzentas?
– O quê, filho?
- Aquilo mãe, aquelas coisinhas dos nomes dos carros!
- Há! Pois é, sabes, os senhores que desenham os carros de vez em quando actualizam os logos das marcas…
-O quê, mãe?
-Deixa lá filho, são mesmo assim, há uns encarnados e outros prateados, pronto!
- Ó mãe olha aquele camião, é um miáeme!
- Um quê?
- Um miáeme!
- Pois é filho! POIS É!




18 de junho de 2007

Passeio ao campo

Este fim-de-semana fui passear ao campo.
Assumo, à partida, que sou um ser urbano e o meu horizonte é o mar. Cresci na cidade que tem uma das dez mais belas baías do mundo e onde a serra é de mato rasteiro com cheiro a mediterrâneo.
As serranias beirãs são relativamente recentes na minha vida e nelas não consigo encontrar encanto. Mas nas relações (dizem os teóricos e aprendi eu na vida) é importante ceder, dar espaço ao outro, negociar os destinos…E então lá fui (mais uma vez)!
As serras deprimem-me, corta-me horizontes, não me deixa ver para além delas. As árvores tornam as estradas escuras e frias, as casas geladas e as pessoas distantes. O xisto que tudo envolve arranha-me, por mais que eu queira amar aqueles lugares e aquelas gentes. A aldeia cheira a morte. Os velhos enchem as soleiras das portas ou arrastam os seus pertences agrícolas pelas ruas, os mais novos que sobram, os que não partiram, nem para França, nem ao menos para Lisboa, encostam os abdómenes dilatados ao balcão do café, enquanto seguram em garrafas de cerveja, com o mesmo bem-querer com que uma criança aperta a chupeta que a consola. O verde destas serras não me distrai, não me encanta, aqui só consigo ver tristeza e miséria.

Lamento, mas o meu caminho é para Sul…

14 de junho de 2007

Lisboa ou ....

Ao fim de 4 anos de defeso, na terça-feira fui espreitar a cidade.

Puto de 3 anos na mão, mochila às costas, bilhete de metro no bolso e lá fui festejar Lisboa.

Jantar em Alfama, a doidice de costume, mesa na rua, cadeira em equilíbrio instável e depois: vêm as sardinhas, não chegam as batatas e a salada, o empregado de mesa era um e depois mudou, gritavam entre eles, ninguém registava um pedido que fosse, e a cabeça não dava para tudo porque já devia estar atulhada de imperial, assim os caracóis chegaram depois das sardinhas (?), a sangria tinha muito gelo e pouco tinto, a conta foi astronómica, afinal esta noite é mesmo assim... (fiquei tranquila, afinal estava tudo na mesma, Lisboa em noite de St.º António continuava igual a si própria…)

Depois arrastei um puto cansado e já ensonado até à Avenida, pensei : mostro-lhe a marcha dos miúdos da Voz do Operário e depois, cama.

Bom, era assim que costumava ser…mas este ano não foi… vieram os cabeçudos, os bombos de Fafe, os bombos de Viana, os bombos “do raio que os parta”, (porque o pessoal do Minho deve ter boa orelhinha), e depois veio samba, sim samba na Avenida, em noite de santos populares, e depois fizeram umas explosões, um ruído ensurdecedor, que pôs todos os putos dos arredores em berreiro desenfreado, que pôs o meu a achar que estava em “teatro de guerra” (como gostam de dizer os senhores da TV), e a pedir-me para sair dali… também achei que era uma boa oportunidade para me livrar daquele cenário surrealista. Voltamos para casa. Mostrei, ainda, ao puto uma marcha na televisão, e disse-lhe que era assim que costumava ser, mas ele não percebeu que aquilo estava a acontecer no exacto local onde tínhamos estado minutos antes. Nem ele, nem eu!

PS: Eu sei que a Câmara de Lisboa está turva, mas também ficou cega e surda!
Ó senhores, no caso, senhora interina presidente, o povo de Lisboa quer é as Marchas, samba é no Carnaval e o raio dos bombos e dos estouros, deixem-nos lá para as festas da Senhora da Agonia, que deve ser por isso que ela fica enjoada!

11 de junho de 2007

Leituras


Comecei sexta á noite e acabei agora. Há muito tempo que não sentia esta ansiedade em acabar, esta vontade de descobrir. Que policial fantástico! Retorcido, intrincado, profundo.
Obrigada João, este fim-de-semana o cheiro a éter e betadine ficaram mais distantes…

4 de junho de 2007

Então, Mr. Prace?




Aqui, isolada, à distância, chegam-me apenas ecos daquilo que deveria ser a grande mudança, a eficaz reestruturação, a rentabilização e modernização do serviço….

Mas onde é que ficou... (falando baixinho) - quem é que o subornou - Mr. Prace, então nem chegou a haver uma dança de cadeiras à séria? Quase tudo reconduzido, só uns pequenos ajustamentosinhos!

Ora bolas, Mr. Prace, estou desiludida consigo! Assim não chegamos a lado nenhum…
Poupou algum dinheirinho, pois poupou, nomeadamente no meu vencimento, mas olhe que os resultados não vão mudar. Enquanto este olhar e as estratégias se mantiverem os resultados tenderão a piorar.


Ai, Mr Prace, Mr. Prace, que desilusão… tanta coisa para fazer e afinal ... só fogo de vista em dia de arraial popular!