8 de novembro de 2010

No Sábado

No sábado foi dia sem pai. [O pai foi trabalhar]. E nestes dias nós os dois temos programas muito próprios, [tal como são os deles nos dias em que não há mãe]. Começámos às 11.30h no cinema, com o maravilhoso maldisposto Gru, que amámos, aliás pelo qual me apaixonei perdidamente (adoro maus rapazes com coração de manteiga, ainda por cima filho de uma mãe castradora: um verdadeiro case-study freudiano). Ia seguir-se fast-food, mas o pai, que estava ali por perto, ligou a convidar-nos para almoçar no melhor rodízio da cidade e lá fomos encher a barriga de picanha, arroz, feijão e… salada [para a mãe]. De barriga cheia e com o sol a brilhar perguntei-lhe:"vamos para casa? ou queres ir ver como é uma manifestação?" Os olhos dele brilharam, o sorriso abriu-se: “o que é uma manifestação ?”, "É um mar de gente a lutar pelos seus direitos", disse-lhe. Corremos para o Metro, saímos no Marquês e lá estava o início da manifestação: as faixas, o ensaio das palavras de ordem, muitas pessoas ainda sentadas na relva ao sol, a música, a festa! Descemos pela lateral da Avenida a acompanhar um bocadinho aquela coisa mágica… Entrámos no metro da Avenida para voltar para o Campo Pequeno. Ele saltitava e cantarolava “CGTP – Unidade Sindical”. Disse-lhe que era melhor não repetir a cantilena ao pé do pai com os argumentos políticos mais simplificados que consegui, e que meteu o "pai é um chato conservador" e não aprecia estas coisas de manifestações (glup!) . Claro que quando o pai chegou, à noite, saltou-lhe para o colo a gritar que tinha ido a uma manifestação e tinha aprendido muitas coisas, que eu tinha dito para não lhe dizer. O pai olhou para mim e franziu a testa, eu arrebitei o nariz e disse afirmativa, antes de recolher, aristocraticamente, à sala: “o miúdo deve abrir horizontes, conhecer tudo, perceber a conjuntura, para entender o que se vai passar com o Pai Natal, a quem o Sócrates vai roubar o dinheiro dos brinquedos!”. Eles ficaram a rir à gargalhada e foram construir legos e eu voltei ao "D. Amélia" da Isabel Stilwell.

2 comentários:

Brisa disse...

Adoro estas cumplicidades. Lá em casa vivemos o mesmo. E não ficam tão felizes por isso, os nossos filhos?

Xanuca B disse...

e ficam mesmo!! ;)