Este ano o Natal começou em Setembro, ainda eu andava de t-shirt e a criança usava panamá para o sol da tarde no jardim, quando montavam já umas pobres e mirradinhas iluminações nas ruas do meu bairro.
Em Outubro, com a chegada da manga comprida e das castanhas assadas, as lojas perderam os medos e a vergonha e encheram as montras de propostas de presentes e de promoções pré-natalícias, as pastelarias atulharam-se de bolo-rei e filhós e os centros comerciais começaram logo, logo, a engalanar-se com as suas pujantes decorações e a inundar-nos os ouvidos com roufenhas e gastas músicas natalícias.
Os catálogos das lojas de brinquedos chegaram todos à caixa do correio ainda Novembro começava, os canais de televisão para miúdos (desculpem mas não sei como vão as coisas nos generalistas porque lá em casa não se vêem) ocupam, neste momento, mais tempo com publicidade a brinquedos aberrantes, como bonecas que têm febre, cães que fazem xixi e super-heróis que cantam e dançam modinhas antigas, mais uns tontos assustadores do werstling e uns carros que se transforma em monstros (ou o seu contrário, confesso que não consigo perceber), do que com desenhos animados. Até a árvore da cidade, este ano a árvore ZON, já acendeu as suas luzes, com pompa, circunstância e muito fogo de artifício (o que pôs os cães da vizinhança a ladra por uma boa meia hora) a 22 de Novembro.
Esta precipitação natalícia incomoda-me, enerva-me, irrita-me, altera o tempo das coisas, inverte a ordem e os papéis, cria ansiedades desnecessárias, traz a sensação de que já estamos atrasados para a festa, quando a festa ainda demora.
Sobretudo, traz consigo memórias do que não gosto: prolonga o frio, os dias pequenos, lembra que chega o Inverno, a gripe, a chuva e a tosse, anuncia que o Verão, a praia, as férias e os dias sem fim, vão demorar a chegar. Recuso-me a acompanhar esta onda de Natal fora de época, que lembra a fruta importada, muito bonita mas sensaborona.
Para mim, o Natal só começa no dia um de Dezembro com a nossa árvore armada, a muitas mãos, ao pé janela da sala e arrasta-se lentamente até seis de Janeiro do próximo ano quando já existe o alento do tudo de bom que um novo ano pode trazer. Pelo meio acontecerão, certamente, irritações e zangas, compras de última hora, convidados surpresa, festas, abraços e gargalhadas, presentes e doces, e claro, as familiares, eternas e imprescindíveis discussões sobre política em torno da mesa da sala de jantar, que fica posta dias a fio.
Este é o Natal de que me lembro desde sempre, o Natal do fim de Dezembro, o que demora a chegar…e é este o que quero preservar, na memória e na vida.
3 comentários:
Não podia estar mais de acordo contigo! Subscrevo.
Mto bem!
De tarde fiz um post intitulado "Isto enerva-me!!!!" justamente sb o mesmo tema! A precipitação com que se vive hoje... Em Novembro desejando Boas Festas!!! o que dirão no Natal... Bom Carnaval??? ihihihi
Eu cá aproveito para lhe desejar um bom feriado!!!!Para a semana, repito sim?? ;-))
bjinho
MH
Pois em minha casa a àrvore de Natal já está montada e ali ficará orgulhosamente até ao Carnaval!!!!!!!Há lá coisa mai linda!!!!
bjs
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