as cores do verão enche-me de preguiça
e a praia, e os livros, e as esplanada, e as jantaradas, e as viagens,
e o meu filho a tempo inteiro,
tudo me afasta das teclas...
tudo, tudo...
com o aconchego da lareira certamente volto ....
2 de setembro de 2012
25 de julho de 2012
Nós

Nem sempre ouvimos as mesmas canções,
não lemos os mesmos livros, também não gostamos dos mesmos canais de televisão,
temos pressupostos ético-religiosos diferentes, (para não dizer diametralmente
opostos) o que fez com que nunca concordássemos em nenhuma das matérias que
foram a referendo neste país.
Mas partilhamos, até agora, os valores essências:
entendemos do mesmo modo o que deve ser uma relação, somos absolutamente
consonantes na educação da cria, adoramos ser profundamente íntimos,
respeitamos as nossa individualidade, não temos qualquer dificuldade em
entender a necessidade do espaço e de liberdade do outro e conseguimos tornar
as nossas diferenças em desafios intelectuais que muitas vezes terminam em
gargalhadas (embora também não partilhemos o mesmo tipo de humor) acho até que
teríamos futuro na carreira diplomática (desde que não tivéssemos de trabalhar
um com o outro).
Assim, cá em casa trocam-se muitas
opiniões, discorda-se, mas raramente se discute. E poderia até nunca se
discutir que não houvessem dois temas que nos fazem levantar a voz, utilizar
termos mais escabrosos e até bater com as portas (o limite dos limites!) : a
arrecadação e a família.
Com estes o consenso nunca é possível!
Para mim a arrecadação deveria ser um
espaço de arrumação minimalista porque acredito mas leis universais do eterno
fluir e nos princípios do dar, do deitar fora, da limpeza e do asseio, para ele, a arrecadação é a tulha
alimentada pela sua faceta máscula ancestral de caçador-recoletor, no âmbito de
uma filosofia, talvez agora, hiper-ecológica de que tudo pode ser aproveitado, tudo
pode vir a fazer falta, tudo pode ser empilhado! (tenho que dar a mão à
palmatória pois talvez 2% do material que me impede de entrar na arrecadação já
foi necessário em uma ou noutra ocasião – mas isso compensará?).
O outro assunto, é mesmo O ASSUNTO,
aquele que nos opõe como dois Pit Bull em arena de competição: a família.
A minha família só tem 3 elementos. A minha família somos nós e a cria.
E a minha família alargada é composta por aqueles de
quem gosto e pelos meus amigos, aqueles que acorreria em qualquer circunstância
e que sei que o fariam por mim com o mesmo amor. Para ele, a família somos nós
mais os do seu sangue, cabem pais, irmãos, irmãs, tios, sobrinhos e sei lá mais o quê…
e aqui começa a discórdia que se acentua sobretudo em períodos festivos como o Natal,
a Páscoa e agora as férias grandes. O que para mim são períodos a passar a três
ou com amigos para ele são épocas de se reunir aos do seu sangue.
Eu, que não
entendo, por experiência de vida, essa coisa do sangue (o meu padrasto, que
adoro, não partilha necessariamente o meu sangue mas partilhamos o mesmo
feitio, o meu tio favorito, que me deu os melhores abraços do mundo, era-o por
afinidade, a minha irmã é orgulhosamente filha de outro pai e de outra mãe)
tenho muita dificuldade neste conceito de afeto que nasce de uma família
imposta porque por acaso se descendeu do cruzamento remoto de um óvulo e de um espermatozóide…
que estranho que isso é!
Nos próximos dias vem aí muita
discussão. (desculpem lá vizinhos!)
24 de julho de 2012
Angústia I
Passo um ano inteirinho a invejar as minhas amigas sem filhos.
Como desejo as viagens, o silêncio, os livros, o cinema, os museus, as esplanadas, o sono, a LIBERDADE!
Mas hoje, 24 horas depois de o ter deixado nos avós, estou enrolada no sofá com a vida vazia...
Sou mesmo uma adita deste meu filho!
20 de julho de 2012
as palavras certas...
O Valioso Tempo dos Maduros
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a
frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói
o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando
seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos
inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da
idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de
secretário geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha
alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito
humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se
considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial !
Mário de Andrade

frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói
o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando
seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos
inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da
idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de
secretário geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha
alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito
humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se
considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial !
Mário de Andrade
3 de julho de 2012
Aventura dentro do comunismo real
Terça-feira, 29.05.12
"Dizem-se muitas mentiras acerca da
Festa do Avante! Estas são as mais populares: que é irrelevante; que é
um anacronismo; que é decadente; que é um grande negócio disfarçado de
festa; que já perdeu o conteúdo político; que hoje é só comes e bebes.
Já é a segunda vez que lá vou e
posso garantir que não é nada dessas coisas e que não só é escusado como
perigoso fingir que é. Porque a verdade verdadinha é que a Festa do
Avante faz um bocadinho de medo.
O que se segue não é tanto uma
crónica sobre essa festa como a reportagem de um preconceito acerca dela
- um preconceito gigantesco que envolve a grande maioria dos
portugueses. Ou pelo menos a mim.
Porque é que a Festa do Avante faz medo?
É muita gente; muita alegria; muita
convicção; muito propósito comum. Pode não ser de bom-tom dizê-lo, mas o
choque inicial é sempre o mesmo: chiça! Afinal os comunistas são mais
que as mães. E bem-dispostos. Porquê tão bem dispostos? O que é que eles
sabem que eu ainda não sei?
É sempre desconfortável estar
rodeado por pessoas com ideias contrárias às nossas. Mas quando a
multidão é gigante e a ideia é contrária é só uma só – então, muito
francamente, é aterrador.
Até por uma questão de respeito, o
Partido Comunista Português merece que se tenha medo dele. Tratá-lo como
uma relíquia engraçada do século XX é uma desconsideração e um perigo.
Mal por mal, mais vale acreditar que comem criancinhas ao
pequeno-almoço.
Bem sei que a condescendência é uma
arma e que fica bem elogiar os comunistas como fiéis aos princípios e
tocantemente inamovíveis, coitadinhos.
É esta a maneira mais fácil de
fingir que não existem e de esperar, com toda a estupidez que, se os
ignoramos, acabarão por se ir embora.
As festas do Avante, por muito que custe aos anticomunistas reconhecê-lo, são magníficas.
É espantoso ver o que se alcança com
um bocadinho de colaboração. Não só no sentido verdadeiro, de trabalhar
com os outros, como no nobre, que é trabalhar de graça.
A condescendência leva-nos a
alvitrar que “assim também eu” e que as festas dos outros partidos
também seriam boas caso estivessem um ano inteiro a prepará-las. Está
bem, está: nem assim iam lá. Porque não basta trabalhar: também é
preciso querer mudar o mundo. E querer só por si, não chega. É preciso
ter a certeza que se vai mudá-lo.
Em vez de usar, para explicar tudo, o
velho chavão da “capacidade de organização” do velho PCP, temos é que
perguntar porque é que se dão ao trabalho de se organizarem.
Porque os comunistas não se limitam a
acreditar que a história lhes dará razão: acreditam que são a razão da
própria história. É por isso que não podem parar; que aguentam todas as
derrotas e todos os revezes; que são dotados de uma avassaladora e
paradoxalmente energética paciência; porque acreditam que são a última
barreira entre a civilização e a selvajaria. E talvez sejam. Basta
completar a frase "se não fossem os comunistas, hoje não haveria"... e
compreende-se que, para eles, são muitas as conquistas meramente
"burguesas" que lhes devemos, como o direito à greve e à liberdade de
expressão.
É por isso que não se sentem
“derrotados”. O desaparecimento da URSS, por exemplo, pode ter sido
chato mas, na amplitude do panorama marxista-leninista, foi apenas um
contratempo. Mas não é só por isso que a Festa do Avante faz medo.
Também porque é convincente. Os comunas não só sabem divertir-se como
são mestres, como nunca vi, do à-vontade. Todos fazem o que lhes
apetece, sem complexos nem receios de qualquer espécie. Até o 'show off'
é mínimo e saudável.
Toda a gente se trata da mesma
maneira, sem falsas distâncias nem proximidades. Ninguém procura
controlar, convencer ou impressionar ninguém. As palavras são ditas
conforme saem e as discussões são espontâneas e animadas. É muito
refrescante esta honestidade. É bom (mas raro) uma pessoa sentir-se à
vontade em público. Na Festa do Avante é automático.
Dava-nos jeito que se vestissem
todos da mesma maneira, dissessem e fizessem as mesmas coisas -
paciência. Dava-nos jeito que estivessem eufóricos; tragicamente
iluminados pela inevitabilidade do comunismo - mas não estão. Estão é
fartos do capitalismo - e um bocadinho zangados.
Não há psicologias de multidões para
ninguém: são mais que muitos, mas cada um está na sua. Isto é muito
importante. Ninguém ali está a ser levado ou foi trazido ou está só por
estar. Nada é forçado. Não há chamarizes nem compulsões. Vale tudo até o
aborrecimento. Ou seja: é o contrário do que se pensa quando se pensa
num comício ou numa festa obrigatória. Muito menos comunista.
Sabe bem passear no meio de tanta
rebeldia. Sabe bem ficar confuso. Todos os portugueses haviam de ir de
cinco em cinco anos a uma Festa do Avante, só para enxotar estereótipos e
baralhar ideias. Convinha-nos pensar que as comunas eram um rebanho mas
a parecença é mais com um jardim zoológico inteiro. Ali uma zebra; em
frente um leão e um flamingo; aqui ao lado uma manada de guardas a
dormir na relva.
Quando se chega à Festa o que mais
impressiona é a falta de paranóia. Ninguém está ansioso, a começar pelos
seguranças que nos deixam passar só com um sorriso, sem nos vasculhar
as malas ou apalpar as ancas. Em matéria de livre trânsito, é como
voltar aos anos 60.
Só essa ausência de suspeita vale o
preço do bilhete. Nos tempos que correm, vale ouro. Há milhares de
pessoas a entrar e a sair mas não há bichas. A circulação é
perfeitamente sanguínea. É muito bom quando não desconfiamos de nós.
Mesmo assim tenho de confessar, como
reaccionário que sou, que me passou pela cabeça que a razão de tanta
preocupação talvez fosse a probabilidade de todos os potenciais
bombistas já estarem lá dentro, nos pavilhões internacionais, a beber
copos uns com os outros e a divertirem-se.
A Festa do Avante é sempre maior do
que se pensa. Está muito bem arrumada ao ponto de permitir deambulações e
descobertas alegres. Ao admirar a grandiosidade das avenidas e dos
quarteirões de restaurantes, representando o país inteiro e os PALOP, é
difícil não pensar numa versão democrática da Exposição do Mundo
Português, expurgada de pompa e de artifício. E de salazarismo, claro.
Assim se chega a outro preconceito
conveniente. Dava-nos jeito que a festa do PCP fosse partidária,
sectária e ideologicamente estrangeirada. Na verdade, não podia ser mais
portuguesa e saudavelmente nacionalista.
O desaparecimento da União Soviética
foi, deste ponto de vista, particularmente infeliz por ter eliminado a
potência cujas ordens eram cegamente obedecidas pelo PCP.
Sem a orientação e o financiamento de Moscovo, o PCP deveria ter também fenecido e finado. Mas não: ei-lo. Grande chatice.
Quer se queira quer não (eu não
queria), sente-se na Festa do Avante que está ali uma reserva ecológica
de Portugal. Se por acaso falharem os modelos vigentes, poderemos ir
buscar as sementes e os enxertos para começar tudo o que é Portugal
outra vez.
A teimosia comunista é culturalmente
valiosa porque é a nossa própria cultura que é teimosa. A diferença às
modas e às tendências dos comunistas não é uma atitude: é um dos
resultados daquela persistência dos nossos hábitos. Não é uma defesa
ideológica: é uma prática que reforça e eterniza só por ser praticada.
(Fiquemos por aqui que já estou a escrever à comunista).
A Exposição do Mundo Português era
“para inglês ver”, mas a Festa do Avante em muitos aspectos importantes,
parece mesmo inglesa. Para mais, inglesa no sentido irreal. As bichas,
direitinhas e céleres, não podiam ser menos portuguesas. Nem tão-pouco a
maneira como cada pessoa limpa a mesa antes de se levantar, deixando-a
impecável.
As brigadas de limpeza por sua vez,
estão sempre a passar, recolhendo e substituindo os sacos do lixo. Para
uma festa daquele tamanho, com tanta gente a divertir-se, a sujidade é
quase nenhuma. É maravilhoso ver o resultado de tanto civismo individual
e de tanta competência administrativa. Raios os partam.
Se a Festa do Avante dá uma pequena
ideia de como seria Portugal se mandassem os comunistas, confessemos que
não seria nada mau. A coisa está tão bem organizada que não se vê.
Passa-se o mesmo com os seguranças - atentos mas invisíveis e
deslizantes, sem interromper nem intimidar uma mosca.
O preconceito anticomunista dá-os
como disciplinados e regimentados – se calhar, estamos a confundi-los
com a Mocidade portuguesa. Não são nada disso. A Festa funciona para que
eles não tenham de funcionar. Ao contrário de tantos festivais
apolíticos, não há pressa; a ansiedade da diversão; o cumprimento de
rotinas obrigatórias; a preocupação com a aparência. Há até, sem se
sentir ameaçado por tudo o que se passa à volta, um saudável tédio, de
piquenique depois de uma barrigada, à espera da ocupação do sono.
Quando se fala na capacidade de
“mobilização” do PCP pretende-se criar a impressão de que os militantes
são autómatos que acorrem a cada toque de sineta. Como falsa noção, é
até das mais tranquilizadoras. Para os partidos menos mobilizadores,
diante do fiasco das suas festas, consola pensar que os comunistas foram
submetidos a uma lavagem ao cérebro.
Nem vale a pena indagar acerca da marca do champô.
Enquanto os outros partidos puxam
dos bolsos para oferecer concertos de borla, a que assistem apenas
familiares e transeuntes, a Festa do Avante enche-se de entusiásticos
pagadores de bilhetes.
E porquê? Porque é a festa de todos
eles. Eles não só querem lá estar como gostam de lá estar. Não há a
distinção entre “nós” dirigentes e “eles” militantes, que impera nos
outros partidos. Há um tu-cá-tu-lá quase de festa de finalistas.
É um alívio a falta de entusiasmo
fabricado – e, num sentido geral de esforço. Não há consensos propostos
ou unanimidades às quais aderir. Uns queixam-se de que já não é o que
era e que dantes era melhor; outros que nunca foi tão bom.
É claro que nada disto será novidade
para quem lá vai. Parece óbvio. Mas para quem gosta de dar uma
sacudidela aos preconceitos anticomunistas é um exercício de higiene
mental.
Por muito que custe dize-lo, o
preconceito - base, dos mais ligeiros snobismos e sectarismos ao mais
feroz racismo, anda sempre à volta da noção de que “eles não são como
nós”. É muito conveniente esta separação. Mas é tão ténue que basta uma
pequena aproximação para perceber, de repente, que “afinal eles são como
nós”.
Uma vez passada a tristeza pelo
desaparecimento da justificação da nossa superioridade (e a vergonha por
ter sido tão simples), sente-se de novo respeito pela cabeça de cada
um.
Espero que não se ofendam os
sportinguistas e comunistas quando eu disser que estar na Festa do
Avante foi como assistir à festa de rua quando o Sporting ganhou o
campeonato. Até aí eu tinha a ideia, como sábio benfiquista, que os
sportinguistas eram uma minúscula agremiação de queques em que um dos
requisitos fundamentais era não gostar muito de futebol.
Quando vi as multidões de
sportinguistas a festejar – de todas as classes, cores e qualidades de
camisolas -, fiquei tão espantado que ainda levei uns minutos a ficar
profundamente deprimido.
Por outro lado, quando se vê que os
comunistas não fazem o favor de corresponder à conveniência
instantaneamente arrumável das nossas expectativas – nem o PCP é o IKEA
-, a primeira reacção é de canseira. Como quem diz: ”Que chatice – não
só não são iguais ao que eu pensava como são todos diferentes. Vou ter
de avaliá-los um a um. Estou tramado. Nunca mais saio daqui.”
Nem tão pouco há a consolação ilusória do 'pick and choose'.
... É uma sólida tradição dizer que
temos de aprender com os comunistas... Infelizmente é impossível. Ser-se
comunista é uma coisa inteira e não se pode estar a partir aos bocados.
A força dos comunistas não é o sonho nem a saudade: é o dia-a-dia; é o
trabalho; é o ir fazendo; e resistindo, nas festas como nas lutas.
Há uma frase do Jerónimo de Sousa no
comício de encerramento que diz tudo. A propósito de Cuba (que não está
a atravessar um período particularmente feliz), diz que “resistir já é
vencer”.
É verdade – sobretudo se dermos a devida importância ao “já”. Aquele “já” é o contrário da pressa, mas é também “agora”.
Na Festa do Avante não se vêem
comunistas desiludidos ou frustrados. Nem tão pouco delirantemente
esperançosos. A verdade é que se sente a consciência de que as coisas,
por muito más que estejam, poderiam estar piores. Se não fossem os
comunistas: eles.
Há um contentamento que é próprio
dos resistentes. Dos que existem apesar de a maioria os considerar
ultrapassados, anacrónicos, extintos. Há um prazer na teimosia; em ser
como se é. Para mais, a embirração dos comunistas, comparada com as dos
outros partidos, é clássica e imbatível: a pobreza. De Portugal e de
metade do mundo, num Portugal e num mundo onde uns poucos têm muito mais
do que alguma vez poderiam precisar.
Na Festa do Avante sente-se a
satisfação de chatear. O PCP chateia. Os sindicatos chateiam. A dimensão
e o êxito da Festa chateiam. Põem em causa as desculpas correntes da
apatia. Do 'ensimesmamento' online, do relativismo ou niilismo
ideológico. Chatear é uma forma especialmente eficaz de resistir. Pode
ser miudinho – mas, sendo constante, faz a diferença.
Resistir é já vencer. A Festa do
Avante é uma vitória anualmente renovada e ampliada dessa resistência.
... Verdade se diga, já não é sem dificuldade que resisto. Quando se
despe um preconceito, o que é que se veste em vez dele? Resta-me apenas a
independência de espírito para exprimir a única reacção inteligente a
mais uma Festa do Avante: dar os parabéns a quem a fez e mais outros a
quem lá esteve. Isto é, no caso pouco provável de não serem as
mesmíssimas pessoas.
Parabéns!"
MIGUEL ESTEVES CARDOSO - Revista 'SÁBADO'
E depois deste texto não há mais nada a dizer, excepto que espero lá voltar este ano e levar o puto à sua primeira Festa.
As (não) férias!
As férias aproximam-se e ainda não tenho nada marcado.
Como conciliar subsídio de férias 0 € com os gostos mais ou menos requintados aqui da princesa?
Não haverá por aí um resort ***** com águas esmeralda e piscinas sem fim... que tenha esta placa na entrada?
Quem souber informe.
Muito agradecida.
Como conciliar subsídio de férias 0 € com os gostos mais ou menos requintados aqui da princesa?
Não haverá por aí um resort ***** com águas esmeralda e piscinas sem fim... que tenha esta placa na entrada?
Quem souber informe.
Muito agradecida.
6 de junho de 2012
3 de junho de 2012
O Europeu

Começou o tempo das cerejas.
Mas começou também o tempo da parvoíce nacional.
Chegou o tempo do Europeu.
E estes heróis merecem tudo.
Rumarias aos locais de estágios, desempregados a assistir aos
treinos e a brinda-los com aplausos e resmas de histeria. Festas de despedida
transmitidas em directo pela televisão pública, criancinhas a dizer versos e a
acenar com lencinhos, como se de Fátima de tratasse.
A partir de agora, e por algumas semanas, e pais estupidifica
e veste-se de encarnado e verde. Os noticiários abrirão com peças especiais
sobre os seus carros, as suas mulheres, as suas raízes. Serão entrevistados como
se fossem as pessoas mais interessantes do universo, serão idolatrados, quase
apontados como modelos a seguir. Os comentadores interpretarão exaustivamente
os seus sucessos e misérias.
Estes pobres ricos rapazes que não cresceram, pois continuam
a ganhar muito dinheiro fazer unicamente aquilo que faziam em miúdos nas suas
brincadeiras de rua, que abandonaram a escola precocemente, que mal sabem falar
ou comportar-se socialmente, tornam-se os modelos a seguir, os exemplos maiores
do sucesso, aqueles que os pais desejam que os filhos sejam (?)…
Durante o seu percurso, que espero sinceramente seja
curto, partimos… é impossível viver nuns país tão imbecilizado.
Quando tudo isto acabar o os rapazes voltarem a ser as
bestas do costume, voltaremos.
Agora está na hora de ir apanhar o avião …
Beijos e tentem sobreviver…
25 de maio de 2012
Presidente à solta!
A Câmara Municipal de Lisboa aprovou, hoje, as alterações ao trânsito na rotunda do Marques do Pombal e na Avenida de Liberdade. A proposta vai agora para consulta pública e em setembro a autarquia avança com o período experimental que termina em dezembro.
A proposta, dos vereadores Fernando Nunes da Silva e Manuel Salgado, foi aprovada por maioria, segundo fonte oficial da autarquia.
Entre as alterações destaca-se a existência de duas rotundas no Marquês de Pombal e a redução de faixas de rodagem na Avenida da Liberdade.
O Marquês do Pombal terá uma rotunda interior (para as ligações às Avenidas da Liberdade e Fontes Pereira de Melo, e rua Joaquim António de Aguiar) e outra exterior.
A Avenida da Liberdade ficará com menos três faixas (uma de estacionamento em cada uma das laterais, e a via do meio do eixo central) e, em vez das onze faixas atuais (sete de circulação, cinco no eixo central, e quatro de estacionamento), terá oito (seis de circulação, quatro no eixo central, e duas de estacionamento).
23/05/2012 | 16:59 | Dinheiro Vivo
Nasci em Lisboa, vivo em Lisboa , amo Lisboa.
Não consigo compreender porque é que os alfacinhas elegeram um presidente que quer destruir a sua cidade.
O dito senhor já tornou o Terreiro do Paço inacessível, agora quer terminar com o eixo Rossio / Marquês. Um lisboeta já não pode usufruir e circular na sua própria cidade.
Qualquer dia o gajo decreta a evacuação da capital!
Sinceramenete, tenho cá para mim que por ter vivido em Sintra o senhor nos odeia.
A proposta, dos vereadores Fernando Nunes da Silva e Manuel Salgado, foi aprovada por maioria, segundo fonte oficial da autarquia.
Entre as alterações destaca-se a existência de duas rotundas no Marquês de Pombal e a redução de faixas de rodagem na Avenida da Liberdade.
O Marquês do Pombal terá uma rotunda interior (para as ligações às Avenidas da Liberdade e Fontes Pereira de Melo, e rua Joaquim António de Aguiar) e outra exterior.
A Avenida da Liberdade ficará com menos três faixas (uma de estacionamento em cada uma das laterais, e a via do meio do eixo central) e, em vez das onze faixas atuais (sete de circulação, cinco no eixo central, e quatro de estacionamento), terá oito (seis de circulação, quatro no eixo central, e duas de estacionamento).
23/05/2012 | 16:59 | Dinheiro Vivo
Nasci em Lisboa, vivo em Lisboa , amo Lisboa.
Não consigo compreender porque é que os alfacinhas elegeram um presidente que quer destruir a sua cidade.
O dito senhor já tornou o Terreiro do Paço inacessível, agora quer terminar com o eixo Rossio / Marquês. Um lisboeta já não pode usufruir e circular na sua própria cidade.
Qualquer dia o gajo decreta a evacuação da capital!
Sinceramenete, tenho cá para mim que por ter vivido em Sintra o senhor nos odeia.
24 de maio de 2012
Recado
Esta vai direitinha para o filho da mãe que "mora" no 5º andar!
Topo-te desde o primeiro dia, palhaço!
Topo-te desde o primeiro dia, palhaço!
19 de maio de 2012
SIM
Gosto desta campanha que tanta polémica tem
gerado.
Gosto da agressividade, da forma como interpela
princípios e valores, como nos questiona sobre as opções que fizemos num único
momento. Não vou discutir ciência, não vou argumentar se todas as afirmações
são absolutamente corretas, afinal é uma campanha publicitária (o red bull dá
mesmo asas?ou
o sangue do período menstrual é azul?) não é um spot do Ministério da Saúde.
Sou cliente desde há 8 anos quando a informação
ainda era mais escassa... mas sou dos que acredita que uma oportunidade não se
deve desperdiçar e que o futuro e a ciência guardam muitos milagres.
Foi a primeira prenda que lhe ofereci.... (e se
bem me lembro não foi mais caro que uma PSP ou que um telemóvel de gama média).
Ontem quando vimos o spot juntos gostei muito de
lhe responder que SIM.
Pensamentos divergentes
Ao estudar a matéria para o teste [dele] de
estudo do meio aprendo a classificar árvores, a distinguir caules e raízes comestíveis,
a identificar as partes que compõem uma planta. E enquanto explico, pergunto e
torno a perguntar, ralho e imagino questões, parto para dentro de mim [abençoada
capacidade esta das mulheres se desdobrarem em múltiplas tarefas e
pensamentos simultâneos] e vou refletindo que se fosse uma planta nunca teria
sobrevivido… não tenho raízes…
Se...
Se não fossemos humanos, urbanos, ambiciosos.
Se não estivéssemos tão frágeis, desesperados, perdidos, .... esta máxima seria verdadeira.
8 de maio de 2012
27 de abril de 2012
Esculturas...

Surge uma peça sobre o facto de Joana Vasconcelos ir expor no Palácio de Versalhes.
Eu e o pai começamos a falar-lhe do quanto já fomos felizes em Versalhes, da beleza do palácio, dos passeios de bicicleta nos jardins, bla, bla, bla... ele interrompe e afirma "desculpem sob pena de parecer ignorante mas a Joana Vasconcelos não é aquela escultora que fez a árvore de garrafas que está na porta do Museu Berardo e aquele sapato de tachos que está no Casino de Troia e mais aquele candeeiro de tampões, que está não sei onde!" eu digo-lhe que sim... e o meu coração bate mais depressa... acho que estamos a ser uns bons educadores...ele é um rapazinho de 8 anos interessado pelo mundo.
E só para que conste ele afirma que a Joana V. é a sua escultora favorita, eu contraponho que o meu é Cutileiro e mostro-lhe as "suas meninas" na net.
Ele, mesmo assim, continua a preferir a Joana e fica fascinado com os cães cobertos de crochet.
25 de abril de 2012
16 de abril de 2012
Fim-de-semana sem cozinheiro é fim-de-semana de restaurantes.
Mas a crise, a crise, senhores a crise, que me levou os subsídios e parte do salário mensal obriga-me ao esforço da contenção.
E então vou para a cozinha: concentro-me, respiro fundo, mas tremo.
Vou fazer um básico, nada mais simples que um salmão grelhado com legumes cozidos. Não saio da cozinha, olho ansiosamente para os tachos, queimo-me no raio da cena de cozer os legumes ao vapor, espirra e tacho para o fogão, ponho o salmão a grelhar, a casa é invadida por fumo, os lombos de salmão rapidamente se tornam tostas ainda que por dentro se mantenham cruas que nem sushi, desespero e asfixio. Corro a fechar as portas dos quartos e a abrir a janela da cozinha. O puto entra a perguntar o que está a queimar. Olha desconsolado para o salmão, que tanto adora, encolhe os ombros e diz: porque é que não fomos jantar fora mãe, tu já sabes que não és capaz?
Vai tudo para o lixo, as batatas estão em papa, as cenouras rijas os brócolos ainda estão crus dentro daquele cestinho do vapor, o salmão estorricado.
Caiem-me grossa lágrimas cara abaixo.
Porque é que não consigo fazer, porquê, porquê? Toda a gente consegue! Eu tento, eu tento, eu gostava de gostar, eu gostava de saber… mas não sei. Qualquer coisa que experimento me sai mal ….
Vestimos os casacos e fomos jantar ao restaurante.
Depois de o adormecer vou navegar um bocadinho na net, no facebook tenho comentários sobre uma receita estrambólica que num dia destes, no trabalho, comentei que por vezes fazia com algum sucesso.
Duas colegas experimentaram-na e parece que gostaram. Por segundos senti-me uma maga da culinária com direito a receita própria e tudo. Fiquei tão feliz como uma criança em noite de natal.
E tenho cada vez mais vontade de fazer um curso de culinária, daqueles básicos, básicos. Pena que sejam tão caros e que a crise se tenha instalado no meu rendimento anual… que pena …
13 de abril de 2012
Sábias Palavras
«Nação valente e imortal»
Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida. Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento. Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos. Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.
Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade. O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles. Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão. O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal. Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito. Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver:
- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.
As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.
Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!
Loureiro para o Panteão já!
Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!
Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia. Para a Batalha.
Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram.
Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito. Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis. Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair. Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar D. José que, aliás, era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar. Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho. Agradeçam a Linha Branca. Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar. Abaixo o Bem-Estar.
Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.
Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos. Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender, o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa. Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto.
Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar? O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes.
António Lobo Antunes
in Revista Visão
05.04.2012
10 de abril de 2012
Chegar
Regressar a casa é o melhor de tudo! (excepto a parte de desfazer as malas e arrumar as 50 peças de roupa que não chegaram a sair da mala :( )
Como amo o meu colchão, a minha almofada o meu edredom e o meu sofá. O meu querido e adorado sofá!
Deuses, sou tão feliz quando regresso!
Nunca percebo porque parto!
5 de abril de 2012
20 de março de 2012
Não gostei...
Depois de 2 meses dentro da minha carteira a prescrição ontem viu a luz do dia.
Capitulei.
Hoje as letras voltam a ser maiores, já não dançam em frente ao meu nariz, voltaram a caber numa linha perfeita...
Hoje pela primeira vez usei óculos graduados!
Hoje compreendi como o envelhecimento è um processo inexorável.
Não gostei!
Capitulei.
Hoje as letras voltam a ser maiores, já não dançam em frente ao meu nariz, voltaram a caber numa linha perfeita...
Hoje pela primeira vez usei óculos graduados!
Hoje compreendi como o envelhecimento è um processo inexorável.
Não gostei!
19 de março de 2012
19 Março
Fico sempre enternecida quando os vejo aos dois entre legos, meccanos e ferramentas a sério.
E também, quando mexem na terra dos vasos de terraço ou quando adormecem juntos no sofá a ver futebol. E até mesmo, quando ficam os dois a bater o pé à porta das lojas de roupa dos centros comercias, onde eu não consigo comprar nada com tanta pressão.
Adoro vê-los juntos.
Tão iguais e tão diferentes, como só pai e filho podem ser.
E comovo-me com o pai que ele é.
Ele, orfão desde tão pequeno, que aprendeu a ser pai sozinho, sem modelos, sem referências.
E orgulho-me de mim, porque consegui dar ao meu filho um pai.
E também, quando mexem na terra dos vasos de terraço ou quando adormecem juntos no sofá a ver futebol. E até mesmo, quando ficam os dois a bater o pé à porta das lojas de roupa dos centros comercias, onde eu não consigo comprar nada com tanta pressão.
Adoro vê-los juntos.
Tão iguais e tão diferentes, como só pai e filho podem ser.
E comovo-me com o pai que ele é.
Ele, orfão desde tão pequeno, que aprendeu a ser pai sozinho, sem modelos, sem referências.
E orgulho-me de mim, porque consegui dar ao meu filho um pai.
14 de março de 2012
RTP Vs GFK
Já não aguento a luta da RTP contra a GFK.
Eles podem ter toda a razão [para a qual me borrifo completamente!!], a empresa pode ser uma bosta, o painel pode estar mal desenhado, podem existir milhares de problemas técnicos, a escolha pode ter sido viciada, mas usar os seus programas, nomeadamente o telejornal, para defender causa própria é de uma falta de ética....monstruosa!
Ainda bem que existem os canais do cabo!
Eles podem ter toda a razão [para a qual me borrifo completamente!!], a empresa pode ser uma bosta, o painel pode estar mal desenhado, podem existir milhares de problemas técnicos, a escolha pode ter sido viciada, mas usar os seus programas, nomeadamente o telejornal, para defender causa própria é de uma falta de ética....monstruosa!
Ainda bem que existem os canais do cabo!
12 de março de 2012
8 de março de 2012
8 de Março
Gosto da força que temos, e que é amaciada por uma imensa sensibilidade;
gosto do pragmatismo que nos move, que nos faz ter esta capacidade de ter os pés na terra e de mover o mundo;
gosto quando argumentamos com base na emoção, sabendo que esta é tão legítima e importante como a mais elaborada estrutura racional;
gosto da ternura que imprimimos nas nossa relações, sa...bendo-nos capazes das mais radicais e cortantes decisões;
gosto da importância que damos aos detalhes, da forma como iluminamos os dias;
gosto do nosso instinto de sobrevivência, que nos faz bravas e duras;
gosto do pragmatismo que nos move, que nos faz ter esta capacidade de ter os pés na terra e de mover o mundo;
gosto quando argumentamos com base na emoção, sabendo que esta é tão legítima e importante como a mais elaborada estrutura racional;
gosto da ternura que imprimimos nas nossa relações, sa...bendo-nos capazes das mais radicais e cortantes decisões;
gosto da importância que damos aos detalhes, da forma como iluminamos os dias;
gosto do nosso instinto de sobrevivência, que nos faz bravas e duras;
gosto da maciez da nossa pele e dos contornos doces do nosso corpo;
gosto porque temos coragem de virar a mesa e de não fingir que tudo está bem;
gosto do modo como nos damos, como queremos tanto construir terreno comum;
gosto da sensação indescritível de se ter dentro de nós os filhos que desejamos;
gosto da forma inadiável como ficamos para sempre ligadas a alguém, presas à terra, a partir do momento que somos mães;
gosto porque sabemos muitas coisas antes, porque quase que as adivinhamos, embora isso só aconteça porque pensamos muito, e de forma profunda, em tudo o que fazemos;
gosto porque somos múltiplas, várias, caleidoscópicas, fascinantes.
Gosto quando vivemos a fundo a generosidade impressa na nossa condição e quando não jogamos jogo nenhum, que não o de ser feliz e o de fazer feliz.
Gosto muito, muito de ser mulher.
Guta Moura Guedes.
23 de fevereiro de 2012
ZECA
Foi com elas que aprendi o sentido da liberdade e o prazer da transgressão. As suas músicas foram a banda sonora de algumas das mais importante experiências da minha vida. ;)
Há 25 anos eu e a minha irmã faltámos às aulas na faculdade e fomos para Setúbal para lhe prestar a nossa última homenagem. Cantar Grândola naquela maré de despedida foi a emoção maior.
Ouvi-lo é sempre voltar ao inconformismo que existe em mim.
Saudades. Sempre.
(este sacana deste blog não deixa postar música!!!!- Enfim é um blog reaccionário!)
20 de fevereiro de 2012
O [novo?] cardeal
D. Manuel Monteiro de Castro, novo cardeal da Igreja Católica, disse:
"A mulher perdeu muito do valor que tinha."
"A mulher perdeu muito do valor que tinha."
"Um país depende muito, muito das mães, pois é ela que forma os filhos."
"Não há melhor educadora que a mãe."
"Mas se a mãe tem de trabalhar pela manhã e pela noite e depois chega a casa e o marido quer falar com ela e não tem com quem falar... "
Pasmo perante as imagens, engulo em seco várias vezes face às afirmações que se agravam a cada segundo da entrevista e pergunto-me:
quem são este homens?
porque querem continuar na ilusão de que o mundo não mudou?
porque escolheram não viver no presente?
17 de fevereiro de 2012
Móbil Moda
Eu gosto de moda.
Esta dos carros frigoríficos não me passa na garganta!
Se foram carritos, que o dono opte pelo branco porque é mais barato...eu posso compreender, ou um comercial, que até fica aceitável. Agora carrões...Os pobres proprietários não terão mais dinheiro para pagar a pinturinha de cor? Credo! Valham-me todos os santinhos.
O que eu odeio a moda dos carros brancos!
[sobretudo porque -não os vejo (?) e - todas as minhas batidelas foram com carros brancos!:)]
Corrijo: eu gosto de algumas modas!
Esta dos carros frigoríficos não me passa na garganta!
Se foram carritos, que o dono opte pelo branco porque é mais barato...eu posso compreender, ou um comercial, que até fica aceitável. Agora carrões...Os pobres proprietários não terão mais dinheiro para pagar a pinturinha de cor? Credo! Valham-me todos os santinhos.
O que eu odeio a moda dos carros brancos!
[sobretudo porque -não os vejo (?) e - todas as minhas batidelas foram com carros brancos!:)]
Desculpem!
Pode ser moda, mas um carro branco é piroooosooooooo. Mesmo!|
14 de fevereiro de 2012
Filho
Faz hoje 8 anos que te ouvi chorar pela primeira vez, ainda dentro de mim, quando a Paula com gestos meigos mas assertivos te colocava na melhor posição para te retirar da minha barriga aberta num sorriso metálico.
Faz hoje 8 anos que eu e o pai [e toda a equipa que estava no bloco] te escolhemos o nome, no preciso instante em que te pousaram sobre o meu colo.
Faz hoje 8 anos que todos os médicos ficaram à espera que o pai desmaiasse e ele, em vez disso, fez a mais bonita reportagem fotográfica da sua vida.
Faz hoje 8 anos que senti que toda a responsabilidade do mundo me tinha caído em cima.
Faz hoje 8 anos que me comecei a apaixonar por ti [e o dia de São Valentim se tornou apenas o dia de te comemorar]!
12 de fevereiro de 2012
8 de fevereiro de 2012
A palhaçada do carnaval!
Este país não é de facto para ser levado a sério.
Quem é que na actual conjuntura poderia pensar que haveria tolerância de ponto no Carnaval?
Então é necessário um esforço nacional, ou não? É que se é para andar a brincar eu desisto já!

Perdemos feriados de relevo para a história nacional [para mim só o 5 de Outubro, porque o 1 de Dezembro, que comemora a restauração da independência nacional, não deveria ter existido nunca... pois significava que faríamos parte do grande reino de Espanha e em vez da troika andaríamos divertidos com movimentos independentista - o que também resolveria o problema das bombas e do carnaval :) ]
E senhores autarcas com tiques de rebeldia adolescente, as pessoas não são parvas, sabem bem que com as vossas posições pró-festa apenas ambicionam capitalizar votos, porque as autarquicas estão quase a chegar.
Parem lá com as brincadeiras e vamos trabalhar e endireitar este país que eu já estou farta que me tirem dinheiro do ordenado.
3 de fevereiro de 2012
31 de janeiro de 2012
Camila Júlia dos Covões 29.09.1998 – 30.01.2012
Fez parte da nossa família durante 13 anos.
Foi sempre teimosa que nem uma mula.
Protegeu o nosso menino como ninguém.
Fez todos os disparates a que tinha direito, - é épico o seu assalto ao forno em noite de Natal - .
Viajou connosco: amava a neve, a praia e o mar.
Temia a chuva e a trovoada.
Envelheceu.
Adoeceu gravemente e teve de partir, quem sabe (e porque o seu dono pequeno quer e acredita!) para o céu dos cães.Adeus Pimpila.
18 de janeiro de 2012
A fotografia
Chega-me às mãos, pela primeira vez, uma fotografia de meus pais.
Surpreendente esta sensação de ver um estranho com um olhar cúmplice ao lado de minha mãe, como se tivessem sido um casal de verdade.
Reflicto que certamente o tiveram de ser, nem que fora pelo breve instante em que me conceberam. Não que sinta a repugnância imberbe dos filhos que não conseguem imaginar os pais em estertores sensuais, mas a estranheza de imaginar afectos entre minha mãe e um desconhecido, do qual tenho um nome no meu nome.
O passado de uma relação é sempre profundamente obscuro, mais ainda quando nunca foi presente para quem dela nasceu. Os laços que podem ter existido não me sustêm, as gargalhadas que devem ter acontecido não ecoam em mim, os abraços que eventualmente foram trocados nunca me envolveram.
Olho mais atentamente a foto antiga e vejo dois jovens numa esplanada. A rapariga é de facto parecida com a minha mãe, poderia ter sido ela nos anos 60. E o rapaz sentado ao lado dela, e que a olha, possui alguns traços que poderiam ser meus.
Afinal são apenas dois jovens…a viver uma história, a sua história … que me é completamente estranha.
Poderiam ter sido os meus pais, mas não são!
Surpreendente esta sensação de ver um estranho com um olhar cúmplice ao lado de minha mãe, como se tivessem sido um casal de verdade.
Reflicto que certamente o tiveram de ser, nem que fora pelo breve instante em que me conceberam. Não que sinta a repugnância imberbe dos filhos que não conseguem imaginar os pais em estertores sensuais, mas a estranheza de imaginar afectos entre minha mãe e um desconhecido, do qual tenho um nome no meu nome.
O passado de uma relação é sempre profundamente obscuro, mais ainda quando nunca foi presente para quem dela nasceu. Os laços que podem ter existido não me sustêm, as gargalhadas que devem ter acontecido não ecoam em mim, os abraços que eventualmente foram trocados nunca me envolveram.
Olho mais atentamente a foto antiga e vejo dois jovens numa esplanada. A rapariga é de facto parecida com a minha mãe, poderia ter sido ela nos anos 60. E o rapaz sentado ao lado dela, e que a olha, possui alguns traços que poderiam ser meus.
Afinal são apenas dois jovens…a viver uma história, a sua história … que me é completamente estranha.
Poderiam ter sido os meus pais, mas não são!
6 de janeiro de 2012
Os rapazes do avental
As notícias andam esquisoides com esta conversa da maçonaria e dos deputados maçons.
Vá lá rapazes, se @s gays conseguiram, vocês também conseguem, saiam do armário! Não dói nada.
Vá lá rapazes, se @s gays conseguiram, vocês também conseguem, saiam do armário! Não dói nada.
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