26 de fevereiro de 2008

Humores





Ele há dias difíceis. Ou melhor, manhãs impossíveis. Às 7.40h já a cadela me arrastava e esmifrava contra os muros da vizinhança na sua implicância matinal com outra fêmea canina.15 minutos depois, o beijo matinal do puto foi acompanhado do “mãe acho que fiz xixi na cama”, e lá veio o stress estonteante de mais um duche e a roupa na maquina e a janela aberta e a fúria e a condução alucinante pela cidade para ainda picar ás 8.30h (confesso já aqui, que passei dois vermelhos e ignorei várias velhinhas em passadeiras, porque atrasada estava eu). Pico o cartão no limite, respiro fundo e mudo de humor com a tertúlia do pequeno-almoço. Sento-me na secretaria, entra um chefe a pedir um documento estratégico exactamente inverso ao que preparámos a semana passada (?). Volto a ficar furiosa. Começo o documento, não sei o que dizer, é necessário virar tudo ao contrário, esta gente não sabe o que quer?. Faço uma pausa em busca de inspiração e percorro aos jornais e fico outra vez bem disposta com as grandes notícias do dia:

- Homem espreitou assalto e foi alvejado, balas passaram de raspão e provocaram ferimentos ligeiros. DN on-line.(?)

- Um operário fabril de 48 anos foi detido anteontem à tarde pela GNR da Gafanha da Nazaré, Ílhavo, depois de ter andado a fazer rali entre as campas do cemitério local, com uma taxa de alcoolemia de 3,33 gr/l. CM on-line (?)

Gosto de viver num país assim, entre o amalucado e o deprimido, mas onde estão todos afinadinhos pela mesma bitola, o vizinho abelhudo e o operário condutor de ralis espelham o grau de desnorte pueril dos que querem o documento estratégico virado ao contrário.

Vamos lá voltar ao trabalho, antes que alguém mude de ideias.

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