28 de agosto de 2008

Recado II

Caro Ministro Rui Pereira,

Estou a ouvi-lo com toda a atenção e digo-lhe já de caras que faço e farei tudo para o ajudar a combater esta “ligeiríssima” e “desvalorizável” onda de criminalidade.

Em casa, tenho grades nas janelas, o exterior é protegido por redes altas que terminam em arame farpado, câmaras de vigilância e iluminação com sensores de movimento, no interior, o alarme está ligado nas zonas da casa que não frequentamos e tenho uma bela cadela serra d'aires que quando arreganha a dentuça mete respeito.

Além disso, ando a pensar em tirar licença de porte de arma e gostava mesmo de aprender a disparar, porque tenho a mania de fazer bem feito aquilo em que me meto e se tiver de dar um tiro a um malandrão que me entre casa a dentro, quero acertar de uma vez e não deixar para ali o santinho a estrebuchar e aumentar os custos do Estado com cuidados de saúde.

Também não troquei de carro, que já tem 9 anos, para não despertar vontades alheias, e cada vez que lá entro tranco automaticamente as portas, e digo-lhe de caras, que se alguém se puser no meio da estrada a pedir ajuda pode crer que lhe passo por cima.

Prometo também, que não vou a nenhum posto de combustíveis, não vão lá entrar uns encapuçados no exacto instante em que estou a pagar o gasóleo. Juro evitar caixas multibanco, porque os assaltos se sucedem, (aliás elas também tendem a desaparecer dos sítios onde era suposto estarem!). Garanto-lhe que não entrarei em qualquer agência bancária, porque ser refém de uns malandrecos quaisquer não é propriamente o meu estilo. Afianço-lhe que aos CTT também não voltarei, o que compromete o levantar das compras por catalogo que tanto gosto de fazer. Vou ter dificuldade, mas prometo, que não me aproximarei de ourivesarias, nem para espreitar as montras.
Na medida do possível, evitarei os parques de estacionamento dos Centros Comerciais, as deslocações ao Porto, a Loures e a Setúbal, bem como a locais de diversão nocturna em geral.
E claro, que quando o gasóleo acabar, porque como já lhe afirmei não vou aos postos encher o depósito, jamais pedirei boleia a uma carrinha de transporte de valores.
Confesso que não sei o que mais fazer para o ajudar, mas até agora ainda não consegui perceber o que V. Exa. e os seus colegas do Governo, vão mandar fazer para que eu possa voltar a ter uma vida normal.

1 comentário:

Xanuca B disse...

Caro Rui,

Ouvi nas noticias da manhã, que tambem devo evitar restaurantes e autocarros... Será que me poderia disponibilizar uma lista dos locais onde posso ir?