14 de março de 2007

Azares

O País (ou melhor, a comunicação social) anda encantado com a historia da bebé roubada que reapareceu um ano depois. Não fujo à onda informativa, leio as gordas dos jornais, vejo as imagens nos noticiários da noite, oiço as versões contraditórias, os comentários de peritos e especialistas e penso, pobre criança, que mau destino este que lhe foi reservado, certamente será alguma coisa kàrmica, trazida de outras vidas, como diria a minha amiga Phenix. Isto é pior que um fado de 5ª categoria. Em apenas 12 meses esta menina já colecciona uma sucessão de azares infindáveis quase impossíveis de enumerar. Ora vamos lá ver:

Teve o azar de nascer num hospital com pouca segurança.
Teve o azar de ter uma mãe que, ao contrário de todas as outras, resolveu ir jantar sozinha e a deixou abandonada no berço da enfermaria do hospital.
Teve o azar de ser raptada por uma mulher pouco inteligente, que não encontrou meio de a conseguiu registar como filha, e supostamente também não a levou ao médico nem às vacinas (certamente porque não tinha os documentos necessários).
Teve o azar do seu rapto ser investigado pela PJ e assim, estando apenas a 40 km do local onde mora a sua família biológica, não foi encontrada.
Teve o azar de ter sido roubada para manter uma relação, que se mostrou bem frágil, uma vez que afinal foi o seu suposto “pai” com uma sua irmã, que denunciaram a sua “mãe” raptora.
Teve o azar de na aldeia para onde irá morar existirem uma série de vizinhas histéricas e gritadoiras.
Teve o azar da sua família biológica ser paupérrima, morar numa casa suja e miserável.


Vai ter azar porque depois de ter passado um ano a chamar-se Joana vai ser registada com Andreia Elisabete.

O que será desta criança?
Temo que este azar que lhe inundou o seu primeiro ano de vida permaneça pela vida fora!
Para nascer é preciso ter sorte!

Nota: Agora sem ironia, espero que terminado o folclore, apagados os projectores e desligadas as câmaras de TV, por uma vez, a Comissão de Protecção de Menores, da região, funcione e acompanhe esta criança. 3 dos seus irmãos biológicos estão entregues a terceiros. Porque será?

1 comentário:

Helena disse...

X,
é k não tenha dúvidas! é seguramente uma questão kármica!!!

E numa constelação familiar ( como agora se designa...)muito especial pelos vistos...em que outros irmãos estão envolvidos... lamentável...

O conhecimento espiritual destas vivências pode não ser entendido pela maioria dos humanos, mas qualquer humano entende que algo se passa nesta família.

Sempre atenta, no aqui e agora a minha amiga X.!

Um prazer conhecê-la ou reconhecê-la nesta vida...Phenix!